domingo, 6 de setembro de 2020

Linear A (civilização minoica) e Linear B (civilização micênica)

 

Em Creta, Pilos e Micenas foram encontradas mais de 3 mil tabuinhas de escrita linear A e linear B. Algumas destas tabuinhas encontradas nos palácios de Pilos e Cnossos tratam de questões ligadas a propriedade e uso da terra.[1] A escrita Linear A encontrada na Creta Minoica de 3500 a.c. a 2000 a.c no palácio de Cnossos por Arthur Evans em 1894, até hoje não foi decifrada, com semelhança com os hieróglifos egípcios[2]. Trata-se de uma escrita usada no palácio. A civilização minoica foi destruída por volta de 2000 a.c. O linear A é bastante distante do grego de modo que a civilização minoica não falava grego. A escrita fonética Linear B não é alfabética, mas silábica, usada pelos povos micênicos entre os séculos XV a.C. e XII a  e encontrada em Micenas, Tirinto, Pilos, Peloponeso e Cnossos imitava a linear A inventada pelos minoicos[3], foi traduzida por Michael Ventris (na figura)[4] e John Chadwick em 1953[5] com base nos trabalhos de Alice Kober e Emmett Bennett[6]. Tanto Linear A como Linear B são silabários onde cada símbolo representa uma sílaba, o eu foi um grande para as escrita que representam cada palavra por um símbolo. A Linear B conhecido tanto na Grécia como em Creta é uma escrita micênica silábica de cerca de noventa signos foi utilizada para grafar a língua helênica dos invasores indo-europeus oriundos do continente (1450 a.C.) e é a representação gráfica de um grego arcaico.[7] O linear B tendo sido feito a partir de uma escrita silábica que não foi feita para notar o grego exprime muito imperfeitamente os sons do dialeto falado pelos micênicos[8]. As inscrições em linear B encontradas em Pilos são livros de contas, faturas de entregas, recibos, nenhum documento literário.[9] A descoberta permitiu concluir que micênicos eram gregos o que permitiu concluir que a civilização grega, até então surgida no século VIII a.c. tinha origens ainda mais antigas no século XV a.c.[10] As descobertas de Arthur Evans confirmam evidências já presentes na cerâmica e pintura de que houve uma ligação entre Micenas e Minos o que reforçou a teses de que os micênicos possam ter governado Cnossos por volta de 1450 a.c.[11] Existe uma referência isolada a a-ka-wi-ja-de (nome de um banquete) nos registros lineares B em Cnossos em Creta, datados de c. 1400 a.C., que muito provavelmente se refere a um estado micênico (aqueu) no continente grego[12]. As pequenas tábuas de argila com inscrições em Linear B não era cozida ao fogo de modo que as que restaram foram endurecidas por acaso por um aquecimento acidental.[13] Donald Kagan mostra que o fato de Micenas ter sofrido um incêndio em algum tipo de conflagração, acabou favorecendo a preservação de sua história pois a argila aquecida, tornou-se cerâmica com o endurecimento. O mesmo pode ter acontecido na civilização minoica em Creta que, em outra época, também preservou tabuinhas de argila da mesma forma[14] O fato de tais “acidentes” terem acontecido em locais e épocas distintas pode indicar que aqueles que guardavam tais arquivos podem ter promovida a queima de tais tabuinhas para preservação do acervo.



[1]FINLEY, Moses. Economia e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p. 227

[2]EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 146

[3]TOYNBEE, Arnold. A humanidade e a mãe terra, Rio de Janeiro:Zahar, 1976, p.138

[4]EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 150

[5]FINLEY, Moses. Economia e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p. 225; BELL, Maurice. Druidas, heróis e centauros, belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p. 115

[6]HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.36

[7]WENDT, Herbert. Tudo começou em Babel, São Paulo:Difusão, 1962, p. 13; ULRICH, Paul. Os grades enigmas das civilizações desaparecidas, Grécia, Roma e Oriente Médio, Rio de Janeiro, Otto Pierre Ed, 1978, p.29

[8]VERNANT, Jean Pierre. As origens do pensamento grego, Rio de Janeiro:Difel, 2002, p. 23

[9]BELL, Maurice. Druidas, heróis e centauros, Belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p. 94, 111

[10]EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 150

[11]ROSS, Norman. The epic of man, Life Magazine, 1962, p. 159

[12]https://en.wikipedia.org/wiki/Mycenaean_Greece

[13]HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.32

[14]História da Grécia Antiga #2 - com Donald Kagan, de Yale, 59:00, https://www.youtube.com/watch?v=elFKaI0IjKI



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