segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Tecelãs romanas

Entre os antigos romanos o textor, ou tecelão, era tido como representante das profissões rudes e grosseiras [1]. A indústria de lã organiza-se em cidades como Canúsio, Lucéria e Tarento. Em Telésia e Benevento fundam-se empresas municipais de fiação [2]. Com relação a lã foram promulgadas leis condenando o uso do tecido considerado “efeminado” [3].Pintura na parede de uma loja tabernae em Via dell’Abbondanza em Pompeia, mostra as diferentes etapas de tecelagem e pintura do tecido. A associação comercial de tecelões (fullones) era influente e financiava campanhas eleitorais [4]. Nas tabernae como na Taberna Attiorum [5] vendia-se de tudo, comida, temperos, tecidos, vasilhas de barro, joias ou livros [6]. O mercado Trajano em Roma, foi construída entre os anos 107 e 110 por Apolodoro de Damasco. Neste mercado, as 150 lojas ou tabernae estavam distribuídas em seus cinco pisos. [7] Segundo o teatrólogo Menandro: “A roca, e não o debate, é o trabalho das mulheres”.[8] Um epitáfio acentua as qualidades da matrona romana em que se destaca a atividade de tecelã: “Casta fuit, domum servavit, lanam fecit” (Foi casta, cuidou da casa, fez lã).[9] Uma ânfora grega do século VI a.c revela fiandeiras e tecelões, prática que Homero se refere ao descrever Penélope ou Circe. [10] Entre os gregos Atená é a deusa protetora das fiandeiras, tecelãs e bordadeiras.[11]

[1]HOLANDA, Sérgio Buarque. Caminhos e Fronteiras, Rio de Janeiro:José Olimpio, 1957, p.260

[2] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.108

[3] LOON, Hendrick van. As artes. Porto Alegre:Edição da Livraria do Globo, 1941, p. 241

[4] PERKINS, John; CLARIDGE, Amanda. Pompeii AD79, London:Carlton Cleeve Limited, 1976, p.40, 53

[5] MAIURI, Amedeo. Pompeya. Roma:Libreria dello Stato, 1950, p. 61

[6] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 59

[7] https://es.wikipedia.org/wiki/Taberna_romana

[8] BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 93

[9] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 165

[10] DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.120

[11] GRIMAL, Pierre, A mitologia grega, São Paulo: Brasiliense, 1953, p. 52


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