segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Mitologia e tecnologia

Na mitologia grega há várias referências a artefatos tecnológicos o que sugere sua presença na cultura como um objeto de desejo: assim o capacete de invisibilidade de Perseu assim como sua espada forjada por Hefaísto; o tridente de Poseidon  que servia para agitar as águas e as ondas[1]; o escudo mágico de Atenas, deusa da Sabedoria; as asas de cera de Dédalo; a lira de Orfeu com a qual consegui fazer adormecer Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões do mundo inferior onde se encontrada sua amada Eurídice; a harpa de Arion, o cinturão mágico de Hipólita a rainha das Amazonas, símbolo de autoridade e poder presente dos deuses e que Hercules havia sido encarregado de toma-lo da amazona para entregá-lo para Admeta, filha do rei Euristeu e sacerdotisa de Hera; a foice e o arado de Bootes, filho de Demeter. O fato destes artefatos tecnológicos exercerem um papel central na mitologia grega mostra que eram vistos como instrumentos de poder pela sociedade. Pierre Grimal observa que a mitologia junto com o logos constituem as duas metades da linguagem. O logos busca convencer e envolve necessariamente a formação de um juízo. A mitologia por sua vez busca convencer por ser verossímel, atraindo para si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano. A Grécia trouxe como uma das grandes contribuições ao pensamento humano a generalização do mito em que a sagrado tornou-se acessível, perdeu-se seus terrores, abrindo assim a mentalidade para a reflexão.[2]



[1] GRIMAL, Pierre, A mitologia grega, São Paulo: Brasiliense, 1953, p. 43

[2] GRIMAL, Pierre, A mitologia grega, São Paulo: Brasiliense, 1953, p. 11


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