No
Brasil o positivismo terá grande influência na jovem oficialidade do meio
militar que desencadeará o processo levante republicano de 1889, entre os quais
o militar e engenheiro e republicano Benjamin Constant, que entrou para a
Escola Militar em 1852.[1]
Pierre Lafitte em artigo publicado na Revue
Occidentale reconhece “as opiniões
positivistas de um dos principais chefes do novo governo, o Sr. Benjamin
Constant são conhecidas de todos, e disso ele nunca fez mistério. Julga-se que
a nova República tomará por lema a fórmula Ordem e Progresso”. [2]
A bandeira do Brasil foi projetada pelos positivistas Raimundo Teixeira Mendes e
Miguel Lemos com desenho do pintor positivista Décio Villares que incluiu o
lema no lugar do brasão imperial por sugestão de Benjamim Constant[3].
A referência as constelações remete a conceitos matemáticos e de astronomia do
positivismo.[4] A
religião da humanidade de Comte tinha como lema “o amor por princípio, a ordem como meio e o progresso como fim”.[5]
O próprio Comte fundou uma sociedade chamada “Ordem e Progresso” destinada a
ter uma ação política similar à dos jacobinos durante a revolução francesa cuja
proposta era a de fazer prevalecer as teses da nova ciência do positivismo. Cruz
Costa destaca que o prestígio do positivismo entre engenheiros e militares
tinham origem não no Apostolado Positivista mas do prestígio do professor
Benjamin Constant.[6] Podemos
ver, no periódico a Semana Ilustrada,
em 1872, uma gravura onde o Conselheiro João Alfredo hasteia uma bandeira com a
divisa "Ordem e Progresso"
o que viria a ser adotado posteriormente na bandeira brasileira quando da
proclamação da República. [7]
A bandeira republicana do Brasil ficou sob a responsabilidade de Teixeira
Mendes que contou com o auxílio do desenhista positivista Décio Vilares[8].
Pereira Barreto sintetiza os princípios positivistas: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim (a
família, a pátria e a humanidade)".[9]
Segundo João Camilo de Oliveira Torres na obra O positivismo no Brasil de 1943: “O positivismo surgiu no Brasil para preencher uma lacuna, a que fora
aberta em nossa cultura pela ausência de uma filosofia elaborada racionalmente
e segundo critérios seguros. Era uma concepção do universo e dos valores
elaborada sistemática e rigorosamente e, ao mesmo tempo, irrefutável. Ora, nós
não possuíamos então nem ao menos uma teoria do estado exequível, quanto mais
uma posição filosófica séria e estável. Possuindo, além disto, o positivismo um
grande e acentuado poder construtivo, falava muito de perto a tendências futuras
da alma brasileira”[10]
João Torres observa que a direção de ideias positivistas da república durou
apenas de novembro de 1889 a janeiro de 1890 com a saída de Demétrio Ribeiro do
governo.[11]
[1] COSTA, Cruz.
Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização
Brasileira, 1967, p. 132
[2] RENAULT, Delso. A vida
brasileira no final do século XIX, Rio de Janeiro:José Olympio, 1987, p. 17
[3] MESQUITA, André Campos.
Augusto Comte, sociólogo e positivista, São Paulo:Lafonte, 2013, p. 37
[4] TORRES, João Camilo. O
positivismo no Brasil, Brasília: Câmara dos Deputados, 2018, p.93
[5] MESQUITA, André Campos.
Augusto Comte, sociólogo e positivista, São Paulo:Lafonte, 2013, p. 92
[6] COSTA, Cruz.
Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização
Brasileira, 1967, p. 222
[7] LINS, Ivan. História do
positivismo no Brasil, Brasiliana, n.322, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1967,
p.235
http://www.brasiliana.com.br/obras/historia-do-positivismo-no-brasil/pagina/235/texto
[8] COSTA, Cruz.
Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização
Brasileira, 1967, p. 232
[9] LINS, Ivan. História do
positivismo no Brasil, Brasiliana, n.322, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1967,
p.52
[10] MESQUITA, André Campos.
Augusto Comte, sociólogo e positivista, São Paulo:Lafonte, 2013, p. 120;
TORRES, João Camilo. O positivismo no Brasil, Brasília: Câmara dos Deputados,
2018, p.37
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