No Fedro, Platão se refere a retórica dos sofistas
onde “é necessário contar mais com a aparência do que com a verdade, e que
por meio de argumentação fazem parecer grande o pequeno e pequeno o grande, e
disfarçam o novo com forma antiga e o antigo com forma nova”. Xenofonte
corrobora a crítica de Platão: “Os sofistas falam para enganar e escrevem em
proveito próprio e não beneficiam
ninguém, nenhum deles tornou-se sábio, nem o é, mas a qualquer deles basta que
sejam chamados de sofista, o que entre gente de senso é uma injúria”[1]. Segundo
Protágoras “os sofistas prejudicam os jovens pois conduzindo-os justamente às
disciplinas de que fogem, conduzem-nos contra a sua vontade ensinando-lhes
cálculos, astronomia, geometria, música, entretanto quem vem a mim não estudará
senão o que deseja”. Para Aristóteles: “Assim como há pessoas que
preferem parecer sábios a sê-lo, em vez
de o serem mesmo sem parecer, dado que a Sofística é uma sabedoria aparente e
não real, e o sofista é o que negocia uma sabedoria aparente e não real, assim
é evidente que se lhes torna mais necessário parecer que fazem obra de sabedoria,
do que fazer obra de sabedoria sem parecer” [2].
Para Platão os sofistas abdicam de uma educação humanista ampla para reduzir
seu escopo a objetos particulares, ou seja, uma techne que inclui aritmética, astronomia, geometria e música, mas
que se distingue de uma educação puramente técnica e profissional [3]. Quando
os gregos queriam falar de arte usavam a palavra techne que significava técnica ou perícia e não o que hoje
conhecemos como belas artes.[4] A techne
para Aristóteles é descrita como uma qualidade racional para fabricar algo enquanto a sophia “se
emprega nas artes para designar aqueles homens que são os mais perfeitos em sua
técnica, por exemplo, se aplica a Fídias como escultor e a Policleto como
construtor de estátuas. Neste uso, sofia quer dizer somente excelência
artística”.[5] Aristóteles em Refutações sofísticas escreve “a sofística é uma sabedoria
aparente mas não real; e o sofista é um traficante de sabedoria aparente mas
não real”.[6]
[1]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.135
[2]ARISTÓTELES, Organon VI Elencos sofísticos, Os Pensadores, Sâo Paulo:Noca Cultural,
1999, p. 80
[3]JAEGER, Werner. Paideia,
São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.325
[4]KIDSON, Peter. Artes plásticas. In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia,
Brasília:UNB, 1998, p. 448
[5]FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966,
p. 128
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