sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Sofistas

 

Segundo Maurice Bowra com a guerra do Peoponeso entre Atenas e Esparta, houve uma degradação de valores gregos: “Tendo perdido o sentimento de honra, as pessoas não mais procediam honrosamente, mascarando seu procedimento com belas palavras. O velho amor da discussão séria degenerara em engenhosas disputas, por meio das quais se fazia parecer excelentes as ações mais desprezíveis. A velha admiração pela capacidade intelectual se aviltara no respeito a certa espécie de habilidade em promover uma causa por quaisquer meios que viessem ao espírito. Acontecia que os principais partidários dessas opiniões eram encontrados num grupo de homens chamados sofistas”.[1]  Platão critica os sofistas por comercializarem o conhecimento dirigindo-se a um público seleto de filhos de aristocratas abastados desejosos de se instruírem[2]: “estes doutores mercenários que a multidão chama de sofistas e crê que ensina o oposto do que ensina ela mesma, na realidade não ensinam senão as máximas seguida por ela nas assembleias”[3].No Fedro, Platão se refere a retórica dos sofistas onde “é necessário contar mais com a aparência do que com a verdade, e que por meio de argumentação fazem parecer grande o pequeno e pequeno o grande, e disfarçam o novo com forma antiga e o antigo com forma nova”. Xenofonte corrobora a crítica de Platão: “Os sofistas falam para enganar e escrevem em proveito próprio e  não beneficiam ninguém, nenhum deles tornou-se sábio, nem o é, mas a qualquer deles basta que sejam chamados de sofista, o que entre gente de senso é uma injúria”[4]. Segundo Protágoras “os sofistas prejudicam os jovens pois conduzindo-os justamente às disciplinas de que fogem, conduzem-nos contra a sua vontade ensinando-lhes cálculos, astronomia, geometria, música, entretanto quem vem a mim não estudará senão o que deseja”.

[1]BOWRA, Maurice. Grécia Clássica, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1969, p. 132

[2]JAEGER, Werner. Paideia, São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.486

[3]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.137

[4]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.135


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