Jean Delumeau critica a tese de Michelet e Burckhardt
de que o Renascimento foi um movimento de ruptura, um tempo de renovação da
ciência, pois ao contrário o que se observa é um distanciamento entre humanismo
e ciência. O descobrimento da América por exemplo até 1550 era restrito ao
interesse de poucas pessoas. O livro de Copérnico Revolutionibus sobre o heliocentrismo publicado em 1543 alguns dias
após sua morte[1] e só recebeu reimpressão em 1566 [2] embora
tenha sido lido nas melhores universidades católicas.[3] Paolo
Rossi mostra que as teses heliocêntricas de Copermico foram primeiro recebidas
por místicos como o cabalista John Dee ou Giordano Bruno. Na Universidade Salamanca
em 1561 ficava a caro dos estudantes escolher o curso de astronomia segundo
Ptolomeu ou Copérnico sendo muito poucos os que escolhiam este último.[4] Tycho
Brahe rejeitou a astronomia de Copérnico como inaceitável e sua autoridade
constitui um grande obstáculo para difusão do copernicanismo[5].
[1]THOMAS, Henry. Living biographies of great scientists, New York:Blue
Ribbon Books, 1946, p. 32
[2]DELUMEAU, Jean. A
civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.II, p.129
[3]BOORSTIN, Daniel. Os
descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.281
[4]ROSSI, Paolo. O Nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 127
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