Aristóteles identifica falhas no pensamento de Platão, pois defende que não existe um mundo inteligível das ideias contraposto e distinto do mundo sensível, de modo que não se faz necessário cindir e dividir entre as ideias e a coisas, desfazendo-se desta forma a dualidade do mundo sensível platônica.[1].Para Garcia Morente: “conseguiu Aristóteles magnificamente aquilo que se propusera: trazer as ideias do ceu à terra; destruir a dualidade entre o mundo sensível e o inteligível; fundir esses dois mundos no conceito lato da substância, da coisa real, que está aí [...] Em suma: para Aristóteles o mundo, este mundo em que vivemos, o mundo sensível das coisas tangíveis e visíveis, é ao mesmo tempo um mundo inteligível. As substâncias são, existem, e além de ser e existir, são inteligíveis: nós podemos compreendê-las porque foram feitas inteligentemente. Se não tivessem sido feitas racionalmente, inteligentemente, seriam para nós incompreensíveis” [2]. Paul Strathern mostra que para os críticos, a teoria das ideias de Platão “supõe que o mundo funciona como a linguagem - com as palavras e os conceitos abstratos assumindo o lugar mais elevado. Pode ser uma suposição errada, mas ainda não conseguimos nos ver totalmente livres dela. Platão sugeriu que o mundo real não é o mesmo que aprendemos e descrevemos - através da experiência e da linguagem. E por que deveria ser ? Na verdade, é improvável que seja. Mas como poderemos afirmar ?” [3].
[1] MORENTE, Manuel Garcia.
Fundamentos de filosofia: lições preliminares. São Paulo:Mestre Jou, 1970, p.94
[2] MORENTE, Manuel Garcia.
Fundamentos de filosofia: lições preliminares. São Paulo:Mestre Jou, 1970,
p.96, 110
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