Robert Boyle em The sceptical chymist de 1661
ridiculariza a doutrina já desgastada dos quatro elementos e das qualidades
ocultas preconizada pelos alquimistas e por Aristóteles[1],
insistindo que o termo “elemento” fosse reservado às substâncias irredutíveis e
se fizesse uma distinção bem nítida entre “elementos”
e “compostos”.[2] Apesar desta crítica, o personagem do livro Temístio, representante do
aristotelismo descreve as ideias de Aristóteles formando um todo consistente a
abrangente onde “cada uma das pedras está
suficientemente amarrada pela solidez e inteireza de toda a estrutura de que faz
parte”.[3] Robert Boyle opõem-se aos antigos conceitos escolásticos e de Paracelso
aproximando-se mais das ideias de van Helmont do que das de Lavoisier[4].
A proposta de Boyle, contudo, não teve rápida adesão, pois substituía uma
elegante doutrina por uma multiplicidade de elementos sem ter claro os meios de
investigação analítica. Paolo Rossi mostra que neste livro Boyle não traz uma
teoria dos elementos químicos: “não vejo porque seja preciso supor necessariamente que haja
corpos primogênitos e simples, com os quais, como elementos preexistentes, a
natureza seria obrigada a compor todoso os outros. Nem vejo porque não possamos
imaginar que a mesma natureza possa produzir um do outro os corpos considerados
mistos mediante várias gransformações das suas partículas minúsculas, sem
decompor a matéria em nenhuma daquelas substâncias simples e homogêneas em que
se supõe que ela se decomponha”.[5] A teoria seria reanimada apenas um século depois com Lavoisier.[6] Para Robert Boyle, hábil experimentador em química[7],
princípios incomensuráveis da alquimia como “enxofre”, “mercúrio” e “sal” de
Paracelso são subjetivos e não se prestam a análise química dos compostos pois
não são homogêneos para que posam ser considerados unidades fundamentais da
matéria. Na obra anterior Certain
Phyiological Essays do mesmo ano de 1661, Boyle já deixava claro seu apoio
a teoria da matéria como partículas que então estava substituindo a visão
aristotélica da função conjunta da matéria e da forma, presente em expressões
como “forma de calor”, “virtude dormitiva do ópio”. Segundo Ana
Goldfardb: “será, principalmente, a
partir do trabalho de Sir Robert Boyle que a química iniciará seu complexo,
processo de incorporação como teoria científica independente junto à nova
filosofia natural, pois com ele o elán hermético que envolvia o estudo da micro
matéria começa a ser rompido”.[8]
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