segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Mapas TO

 

No mapa TO (Orbis Terrarum) mostrado em Etimologias de Isidoro de Sevilha toda a terra era descrita como um prato circular dividido por uma corrente de água em forma de T. O Oriente ficava no topo de modo a “orientar o mapa”. Por cima do T ficava a Ásia (com os descendentes de Sem bíblico, um dos três filhos de Noé). Europa (com os descendentes de Jafer / Jafé) e África (com os descendentes de Cam) ficavam separados pela barra que representava o Mediterrâneo. A denominação de Mediterrâneo viria apenas com Solino e seria adotada por Isidoro de Sevilla em Etimologias. Até então era conhecido como mare internum ou mare nostrum[1] o “nosso mar” tal como denominado pelos romanos no auge de seu império. A Europa e África eram separados da Ásia pela barra horizontal que representava o Danúbio e o Nilo que supostamente seguiam uma linha contínua. O “mar Oceano” atual oceano Atlântico cercava todo o conjunto de terras conhecidas, ou ecúmena, todo o mundo habitado.  No centro do mapa ficava Jerusalém: “Esta é Jerusalém, coloquei-a no meio das nações (na versão da Vulgata: umbiculus terrae – umbigo do mundo) e dos países que estão à volta dela” (Ezequiel 5:5). Entre os judeus Ezequiel também se refere a Jerusalém como o centro da terra ou umbigo do mundo (Ez 38:12, Ez 5:5). Isaías anuncia que na renovação da Criação Jerusalém será designada por um nome novo (Is 62:2).  O Talmud é mais eloquente: “Como o umbigo está localizado no centro do homem assim Israel está no centro do mundo”.[2] Em 1095 quando da convocação da primeira cruzada, o monge Roberto narra os acontecimentos em torno da conquista de Jerusalém: “o umbigo do mundo, uma terra mais frutuosa do que qualquer outra, uma terra que é outro paraíso de delícias”.[3]

 [1]BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.112

 [2]BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.104

 [3]BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.118


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