sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Giordano Bruno

 

Giordano Bruno, define o conceito de infinitude do mundo, isto é, a infinitude no sentido da existência de mundos infinitos, semelhantes ao nosso planeta. Outros planetas habitáveis deverão existir. Se a causa ou Princípio primeiro é infinito, também o efeito deve sê-lo. Em De l´infinito, universo e mundi de 1584 Bruno apresenta sua concepção de universo infinito e dos incontáveis mundos existentes. Para Frances Yates “o salto para cima que Bruno deu, através das esferas, para chegar num universo infinito, embora deva ser interpretado como a experiência de um mago gnóstico, foi ao mesmo tempo um exercício de imaginação especulativa que pressagiou o advento de novas concepções do mundo [...] mesmo as obras mais estranhas e formidavelmente obscuras de Bruno, que tratam da sua arte mágica da memória, podem ser pressagiadoras, no plano hermético, dos esforços feitos no século XVII para se chegar a um método”.[1] Para Giordano Bruno o copernicanismo abre uma nova concepção de mundo: “Esta é uma filosofia que abre os sentidos, satisfaz o espírito, exalta a inteligência e conduz o homem à verdadeira felicidade, que se pode alcançar como ser humano”.[2] O conceito de infinito, contudo, já havia sido afirmado claramente pelo cardeal católico e humanista Nicolau de Cusa (1401-1464): “O universo tem o seu centro em todos os lugares e o seu limite em lugar nenhum”. Para George Sarton, Nicolau de Cusa “é um excelente símbolo da transição entre a idade média e a nova era”.[3] Para Frances Yates a magia da Renascença promoveu transformações fundamentais no modo de pensar do homem:[4] “Giordano Bruno é o resultado direto e lógico da glorificação renascentista do Homem como o grande Milagre, divino pela sua origem, capaz de voltar a ser divino e com poderes divinos residentes e si. Ele é, em suma, um produto do hermetismo renascentista”[5]

[1]GILLISPIE, Charles. Dicionário de biografias científicas, Rio de Janeiro:Contraponto, 2007, v.I, p.372

[2]ROSSI, Paolo. O nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru; Edusc, 2001, p.213

[3]SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 15

[4]YATES, Frances. Giordano Bruno e a tradição hermética, São Paulo:Cultrix, 1995, p. 179

[5]YATES, Frances. Giordano Bruno e a tradição hermética, São Paulo:Cultrix, 1995, p. 296


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