Segundo Paolo Rossi com a Revolução Científica: “o saber mudou de função: não é nem contemplação nem tentativa de decifrar as estruturas íntimas do real. Francis Bacon concebe a ciência como venatio (caça), como caça, como tentativa de penetrar em território desconhecido com vistas a fundar o regnun hominis (reino do homem)”.[1] Para Paolo Rossi “Bacon aparece como um pensador que reage à tradição mágica e que, assim mesmo, tem para para com essa tradição uma profunda dívida”[2]. O próprio conceito de experimento é redefinido na ciência moderna sendo experimentos construídos artificialmente a fim de confirmar ou desmentir teorias de modo que ainda é pertinente se falar em revolução.[3] No Novo Organon (1620) Francis Bacon critica a formiga do empirismo que coleta dados de modo aleatório assim como critica aranha escolástica que constrói raciocínios elaborados mas estéreis, tal como a aranha que constrói uma teia a partir de si mesma, admiráveis pela sua leveza mas extremamente frágeis para uso, e defende o modelo de uma abelha que tanto coleta matéria prima do jardim (dados obtidos da natureza) quanto os digere (análogo ao processamento dos dados pela razão) [4]. Para Francis Bacon era preciso colocar o homem com os pés no chão e o libertar o de uma teologia que o torna “estéril como uma freira” submetendo a natureza á experiência: “não é de asas que o nosso espírito necessita, mas sim de solas de chumbo”[5]. No Novum Organum Francis Bacon conclui: “por isso muito se deve esperar da aliança estreita e sólida (ainda não levada a cabo) entre essas duas faculdades: a experimental e a racional”.[6]
[1] ROSSI, Paolo. A ciência
e a filosofia dos modernos, São Paulo, UNESP,1992, p.80
[2] ROSSI, Paolo. Francis
Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.10
[3]ROSSI, Paolo. O
nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 17
[4]BURKE, Peter. Uma
história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.23; ROSSI,
Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.33, 156,
190
[5]DELUMEAU, Jean. A
civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.II, p.230
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