terça-feira, 11 de agosto de 2020

Dialética em Platão

 

O método indutivo de Aristóteles baseado na experiência o afastava do método dialético de Platão que procurava a verdade na pura especulação[1]. Segundo Platão a dialética é o instrumento que possibilita ao filósofo passar das cópias imperfeitas que é o mundo real para os modelos perfeitos do mundo das ideias, abandonando as imagens pelas essências.[2] Na República Platão explica que “a natureza dialética, ou seja a capacidade de ciência verdadeira, está na visão de conjunto. E esta é, por excelência, a pedra de toque da natureza dialética e da que não o é. Quem sabe ter visão de conjunto é dialético; quem não o sabe, não o é”.[3] Enquanto a matemática penetra na essência inteligível das coisas somente com a dialética seremos capazes de demonstrar as hipóteses formuladas pela matemática, onde tudo ficará esclarecido, saberemos não apenas como as coisas são mas o porque das coisas serem de tal modo, dentro de uma perspectiva teleológica. Para Marco Zingano: “Com a dialética, não há restos, tudo fica esclarecido, inclusive o princípio mesmo de onde se parte”.[4]. Segundo Jostein Gaarder; “Para Platão o grau máximo da realidade está em pensarmos com a razão. Para Aristóteles, ao contrário, era evidente que o grau máximo de realidade está em percebermos ou sentirmos com os sentidos. Platão considera tudo o que vemos ao nosso redor na natureza meros reflexos de algo que existe no mundo das ideias e por, conseguinte na alma humana. Aristóteles achava exatamente o contrário, o que existe na alma humana nada mais é do que o reflexo dos objetos da natureza. Para Aristóteles, Platão foi prisioneiro de uma visão mítica do mundo, que confundia as ideias dos homens com a realidade do mundo”. [5]


[1]MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.68

[2]CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 186

[3]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.219

[4]ZINGANO, Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus Editora, 2002, p.43

[5]GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia, São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 123


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