È nas
essências eternas que deve estar o verdadeiro objeto do saber, o homem deve
desviar do mundo oferecido pelos nosso sentidos e buscar o ideal de perfeição,
a ideia de número.[1] O mundo observado nada mais é que a sombra dessa verdadeira realidade como
explicado no mito da caverna de Platão.[2] O
prisioneiro libertado de suas correntes qe que consegue sair de sua caverna e ver
a luz é tal qual o filósofo que inicia sua missão iluminadora e libertadora
para os demais prisioneiros numa referência a Descida ao hades celebrada
pelos órficos e pitagóricos. Platão estabelece um fosso entre o mundo material
e o mundo das ideias. Esta confusão entre sombras que são tomadas como
realidade acontece não por causa da natureza dos homens e sim pela condição
adversa em que eles se encontram[3]. Os
gregos consideravam as cavernas como locais de iluminação religiosa com as do
monte Ida e da montanha Dicta em Creta. Pitágoras morava em uma caverna no
monte Carmelo.[4] A palavra grega “ideia” significa “imagem” ou “modelo”.[5] Quando o
matemático estabelece um teorema sobre triângulos, mesmo que ele os desenhe em
um papel sua representação nunca será exata e nem por isso a relação matemática
deixa de ser verdadeira, a figura desenhada sempre terá imperfeições que
extrapolam a afirmação matemática, donde se conclui que as formas pertencem a
uma ordem de existência diferente da dos objetos sensíveis[6]. È por
esse motivo que a palavra “ideia” em
grego remete ao conceito de modelo, imagem. A filosofia platônica lida com a
dualidade entre a essência, do mundo da razão, e a forma, do mundo sensível,
esta última uma mera representação, sempre imperfeita. Segundo Butcher: “A Grécia, primeira nação a ser inspirada
pela paixão da verdade, teve a coragem de depositar fé na razão e segui-la sem
medir consequências; “Aqueles que desejam julgar da verdade com acerto” diz
Aristóteles “ devem ser árbitros e não litigantes [...] Sigamos o argumento
aonde quer que ele nos leve”: esta regra pode ser tomada não só como o lema da
filosofia platônica mas como a expressão de um dos aspectos do gênio grego”[7]
[1]KOYRE, Alexandre.
Estudos de história do pensamento científico. Brasília:Forense,1982, p.33
[2]RONAN, Colin. História
Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São Paulo:Círculo do Livro, 1987,
p.101; JAEGER, Werner. Paideia, São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.826; ZINGANO,
Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus
Editora, 2002, p.50; MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São
Paulo:Mestre Jou, 1964, p.215
[3]CHAUÍ, Marilena.
Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 11; GAARDER, Jostein. O mundo
de Sofia, São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 105
[4]GORMAN, Peter.
Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 90
[5]RUSSELL, Bertrand.
História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.90
[6]RUSSELL, Bertrand.
História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.93
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