terça-feira, 11 de agosto de 2020

Caverna de Platão

 

È nas essências eternas que deve estar o verdadeiro objeto do saber, o homem deve desviar do mundo oferecido pelos nosso sentidos e buscar o ideal de perfeição, a ideia de número.[1] O mundo observado nada mais é que a sombra dessa verdadeira realidade como explicado no mito da caverna de Platão.[2] O prisioneiro libertado de suas correntes qe que consegue sair de sua caverna e ver a luz é tal qual o filósofo que inicia sua missão iluminadora e libertadora para os demais prisioneiros numa referência a Descida ao hades celebrada pelos órficos e pitagóricos. Platão estabelece um fosso entre o mundo material e o mundo das ideias. Esta confusão entre sombras que são tomadas como realidade acontece não por causa da natureza dos homens e sim pela condição adversa em que eles se encontram[3]. Os gregos consideravam as cavernas como locais de iluminação religiosa com as do monte Ida e da montanha Dicta em Creta. Pitágoras morava em uma caverna no monte Carmelo.[4] A palavra grega “ideia” significa “imagem” ou “modelo”.[5] Quando o matemático estabelece um teorema sobre triângulos, mesmo que ele os desenhe em um papel sua representação nunca será exata e nem por isso a relação matemática deixa de ser verdadeira, a figura desenhada sempre terá imperfeições que extrapolam a afirmação matemática, donde se conclui que as formas pertencem a uma ordem de existência diferente da dos objetos sensíveis[6]. È por esse motivo que a palavra “ideia” em grego remete ao conceito de modelo, imagem. A filosofia platônica lida com a dualidade entre a essência, do mundo da razão, e a forma, do mundo sensível, esta última uma mera representação, sempre imperfeita. Segundo Butcher: “A Grécia, primeira nação a ser inspirada pela paixão da verdade, teve a coragem de depositar fé na razão e segui-la sem medir consequências; “Aqueles que desejam julgar da verdade com acerto” diz Aristóteles “ devem ser árbitros e não litigantes [...] Sigamos o argumento aonde quer que ele nos leve”: esta regra pode ser tomada não só como o lema da filosofia platônica mas como a expressão de um dos aspectos do gênio grego”[7]



 [1]KOYRE, Alexandre. Estudos de história do pensamento científico. Brasília:Forense,1982, p.33

 [2]RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São Paulo:Círculo do Livro, 1987, p.101; JAEGER, Werner. Paideia, São Paulo:Ed. Herder, 1936, p.826; ZINGANO, Marco. Platão & Aristóteles: o fascínio da filosofia, São Paulo:Odysseus Editora, 2002, p.50; MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo v.I. São Paulo:Mestre Jou, 1964, p.215

 [3]CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia, São Paulo: Ática, 2004, p. 11; GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia, São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 105

 [4]GORMAN, Peter. Pitágoras, uma vida, São Paulo:Círculo do Livro, 1993, p. 90

 [5]RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.90

 [6]RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.93

 [7]SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.33


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