Sócrates fez sua a máxima do oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”[1] e mesmo Platão na Apologia reconhece que Sócrates nunca se colocara como mestre de ninguém, pois o conhecimento de si mesmo, de sua própria natureza é que deve ser a verdadeira meta do saber.[2] Para Sócrates ao ler um livro o leitor apenas reforça o conhecimento que já possui, pois o conhecimento não pode ser adquirido pela leitura.[3] Cícero em Tusculan Disputation explica que quando Apolo diz: “Conhece-te a ti mesmo” diz “conhece a tua alma”, pois a mente de cada um é o que cada um é.[4] Rodolfo Mondolfo observa que a inscrição de Delfos de Conhece-te a ti mesmo” é uma advertência ao homem para que reconhecesse os limites da natureza humana e não aspirasse as coisas divinas, porém Sócrates chega após o desenvolvimento de sua filosofia as aspirar maior proximidade com as coisas divinas, o que desfaz a recomendação original do Oráculo. O que ainda resta é sua humildade em reconhecer que o caminho para a sabedoria não se trata de um fácil saber e afirma a consciência de sua própria ignorância[5]
[1]MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: v.I, São Paulo: Mestre Jou, 1964, p. 158
[2]FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 131
[3] MANGUEL, Alberto. Uma
história da leitura, São Paulo: Cia das Letras, 1997, p. 106
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