Entre os séculos
XII e XV desenvolveu-se a cidade de Ifé, próxima Lagos na Nigéria onde houve
grande desenvolvimento de técnicas de fundição[1]. Os
yorubás eram um povo do sudoeste da Nigéria portador da civilização Ifé, com
origem do Alto Egito e Sudão e que se fixou no golfo da Guiné por volta do
século VII.[2] Em Jebel Barkal, uma pequena montanha no Sudão do Norte viveu o povo Kush que
formaram uma cultura desenvolvida e deixaram cerca de 300 pirâmides intactas
construídas há cerca de 3 mil anos. Foram também encontradas tumbas, templos e
câmaras funerárias completas, com pinturas e desenhos que a Unesco descreve
como "obras-primas de um gênio
criativo que mostram os valores artísticos, sociais, políticos e religiosos de
uma comunidade de mais de 2 mil anos".[3] Esculturas
de metal de Ifé que datam o século XV revelam um alto grau de sofisticação da
arte africana[4].
Froebeniius em sua obra “E a África falou” relata o assombro dos navegantes
portugueses ao entrarem em contato com a riqueza da cultura ioruba: estradas
cuidadosamente traçadas, ricos campos cultivados, pessoas vestidas de
magníficas roupas feitas de tecidos de fabricação própria: “os relatórios de navegantes dos séculos XV a
XVII não deixam margem à dúvida alguma de que a África que se estendia ao sul
do Saara se achava então num estado altamente civilizado”.[5] Froebenius
atribui as cabeças de Ifé, por ele descobertas em 1910, a data do século V a.c
e que procedem da arte egípcia menfita do período persa, porém Shinnie não está
convencido desta relação direta: “há
agora quantidade de provas que demonstram que
muitas partes da África possuíam sociedades altamente desenvolvidas, bem
adaptadas aos ambientes, desde tempos antigos, e de que, embora na África, como
em outras partes do mundo, nenhuma sociedade fica isolada e um tráfego de duas
mãos de ideias e técnicas acontece, não sendo absolutamente necessário presumir
que tudo na África veio do Egito”[6]. Cheikh Anta
Diop em Antériorité des civilizations
nègres sustenta a tese de que as civilizações negras são anteriores à
civilização egípcia o que se comprova pelo paralelismo da língua senegalesa
Wolof e o egípcio antigo e pela presença de arte rupestre representando seres
humanos com cabeças de animais antecipando o zoomorfismo observado no Egito[7]. Em 1897
os britânicos invadiram e saquearam o palácio de Obá na cidade de Benin na
Nigéria recolhendo diversas obras de arte, bronzes e joias hoje guardadas nos
museus europeus[8].
Estátuas do Palácio de Abomey, a capital histórica do atual Benim foram roubadas
em 1892 por tropas francesas do general Alfred Amédée Dodds. O governo de Benin
reclama a devolução de 4.500 e 6.000 objetos que pertencem ao país, incluindo
tronos, portas de madeira gravada e cetros reais.[9] Nos
séculos XVII e XVIII os artesãos muçulmanos atingiram um grau sofisticado de
ourivesaria, particularmente com os ashanti da Guiné, que dominavam a técnica
de cera perdida.[10]
[1] WILLETT, Frank. Ifé, Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas,
Lisboa:1981, p.279
[2]Readers's Digest. As
grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.313
[3]http://www.bbc.com/portuguese/internacional-40484880
[4]MacGREGOR, Neil. A
história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.455
[5]WENDT, Herbert. Tudo
começou em Babel, São Paulo:Difusão, 1962, p. 194
[6]HARRIS, J. O legado do
Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.460
[7]CARISE, Iracy. A arte
negra na cultura brasileira, Rio de Janeiro:Artenova, 1980, p.108
[8]MacGREGOR, Neil. A
história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.554;
ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992, p.722;
CARISE, Iracy. A arte negra na cultura brasileira, Rio de Janeiro:Artenova,
1980, p.109
[9]https://g1.globo.com/mundo/noticia/africa-exige-da-europa-restituicao-de-tesouros-roubados.ghtml
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