terça-feira, 7 de julho de 2020

Papiro egípcio

A Suméria foi o berço da escrita, contudo, foram os egípcios que inventaram o papiro que crescia as margens do Nilo, espécie de caniço cuja haste, cortada em longas tiras era utilizado na fabricação de um papel amarelado, macio e resistente. A escrita era feita com uma pena de caniço embebida numa tinta feita de fuligem e água engrossada com uma goma.[1] O nome “papiro” é proveniente da planta Cyperus papyrus[2]significa “pertencente ao rei” que remete ao conceito de que o rei detinha o monopólio de sua produção. [3] A palavra grega para papiro é khartes de onde provém a palavra “carta”. Os rolos de papiro de denominam biblion que provém da palavra grega biblion que significa a polpa do papiro, de onde provém a palavra “biblia’.[4] Os rolos de papiro se estendia por 3 metros podendo chegar a 6 metros ou mais.[5] A produção do papiro é trabalhosa mas simples, descrita por Plínio em História Natural: o miolo da planta é dividido em tiras que são embebidas e pressionadas para formar folhas, que depois de secas, estendidas numa tábua e lixadas. As fibras se unem sem que seja preciso cola[6]. Os egípcios usaram inicialmente o papiro para revestimento de paredes e ornamentação de esquifes e construção de jangadas simples[7]. As fibras permitiam a fabricação de excelentes cordas, muito usadas em navios.[8] Os escritos egípcios eram denominados hieróglifos que significa heiros – sagrado, gluphe – entalhar, ou seja, “palavra dos deuses”. [9]O mais antigo papiro datado da V Dinastia já foi escrito em hieróglifo.[10] Um dos maiores acervos de papiros antigos do mundo encontra-se na Biblioteca Nacional da Austria em Viena com cerca de 180 mil "rolos" que abrangem 3.000 anos (desde 1500 antes de Cristo até 1500 depois de Cristo), muitos ainda não decifrados, e está incluída na lista do programa da Unesco "Memória do Mundo" como patrimônio histórico documental da humanidade.[11] O fato do Egito estar próximo ao deserto e ter um clima extraordinariamente seco propiciou que se preservassem seus antigos papiros, o que não se observa por exemplo na Palestino onde o clima úmido faz com que o papiro apodreça em pouco tempo. [12]
[1] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.11
[2] GONTIJO, Silvana. O mundo em comunicação, Rio de Janeiro:Aeroplano, 2001, p.42
[3] Egitomania: o fascinante mundo do antigo Egito, Planeta, 2001, v.1, n.6, p.106; HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.229; STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 217
[4] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 233
[5] CASSON, Lionel. Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 37
[6] MacGREGOR, Neil. A história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.137; MELLO, José Barboza. Síntese histórica do livro. Rio de Janeiro:Ed. Leitura, 1972, p. 88; CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 133
[7] BAINES, John; MALEK, Jaromir. O mundo egípcio:deuses, templos e faraós. Rio de Janeiro, Edições del Prado, 1997, p.68; HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.106
[8] CASSON, Lionel. O antigo Egito. Rio de Janeiro:José Olympio, 1969, p.32
[9] DEARY, Terry. Espantosos egípcios, São Paulo:Melhoramentos, 2004, p. 122
[10] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 253
[12]KELLER, Werner, E a Bíblia tinha razão, Sâo Paulo: Melhoramentos, 1964, p.168

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