Isidoro de Sevilha (560–636) em Etymologiae XVI.16.6, ‘De vitro’ relata uma história que teria ocorrido na época de Tibério César no ano 37. Na ocasião um artesão desenvolveu a técnica de fabricação de um vidro flexível e a apresentou ao imperador romano que arremessou a taça de vidro no chão, quando então o material amassou, ao invés de quebrar. O artesão foi capaz de reparar a o copo utilizando-se de um pequeno martelo. Após o inventor jurar ao Imperador que só ele conhecia a técnica de fabricação, César mandou decapitar o homem, com receio de que material desvalorizar o ouro e da prata.[1]A história é reproduzida por Petronius (c. 27–66 AD, Satyricon 51), pelo historiador Plínio, o velho (23–79 AD, Naturalis Historia XXXVI.lxvi.195) e Cassius Dio (c. AD 150–235, Historia Romana 57.21.7)[2]. Plínio, contudo, embora reproduza a história não crê em sua veracidade. Moses Finlay observa que independente da veracidade da história, o que chama a atenção é o inventor ter recorrido ao imperador e não a um empresário para levar sua invenção adiante e que os historiadores Plinio o Velho e Dion Cássio não tenham atentado para isso, o que revela a ausência do empreendedor nesta sociedade[3].
[1] CARVALHO, Nuno. A estrutura dos sistemas de patentes e de marcas: passado, presente e futuro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 146; CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 178
[2] CANTU, Cesare. História Universal, v. II, São Paulo:Editora das Américas, 1958, p.12
[3] FINLEY, Moses. Economia e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p. 214; FINLEY, Moses. Technical Innovation and Economic Progress in the Ancient World, The Economic History Review, v. 18, n. 1, Essays in Economic History Presented to Professor M. M. Postan (1965), pp. 41
Nenhum comentário:
Postar um comentário