sábado, 25 de julho de 2020

Origens do homem americano

A análise do genoma de 49 indivíduos que viveram em diferentes pontos da América Central e do Sul entre 11 mil e 3 mil anos atrás sugere que grupos da cultura Clóvis migraram da América do Norte em direção ao sul e deixaram descendentes em lugares tão diversos quanto Belize, Peru, Brasil entre os quais os povos de Lagoa Santa a que pertencia Luzia, Argentina e Chile. Walter Neves havia sugerido Neves que o povo de Luzia seria descendente de uma leva migratória vinda da Austrália e da Melanésia há cerca de 14 mil anos, ou seja, uma leva distinta daquela que veio da Ásia 12 mil anos atrás pela rota da Beríngia e que teria dado origem à cultura Covis. Tábita Hünemeier conclui que a pesquisa publicada em 2018 mostrou uma relação direta entre o povo de Luzia e a cultura Clóvis. Ciprian Ardekean da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México e vários pesquisadores entre os quais Vanda Medeiros e Paulo de Oliveira da USP publicado na Nature em 2020 mostra foram que encontrados na Caverna Chiquihuite no norte do México, a quase 3 mil metros de altitude cerca de 2 mil ferramentas de pedra, além de ossos de animais e restos de carvão, pólen e plantas que  indica que seres humanos já estavam presentes no local entre 31 mil e 33 mil anos atrás. Um segundo estudo de Lorena Becerra-Valdivia e Thomas Higham chega às mesmas conclusões que que os seres humanos já estavam presentes no continente americano “antes, durante e depois” do Último Máximo Glacial; apesar de o povoamento mais intenso só ter se iniciado por volta de 13 mil anos atrás. Ruth Gruhn, da Universidade de Alberta, no Canadá conclui: “Os seis sítios arqueológicos brasileiros datados com mais de 20 mil anos [Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí, Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade no Rio Grande do Norte[1], Parque Nacional do Catimbau em Pernambuco, Sítio Arqueológico Pedra Pintada em Roraima, Lapa Vermelha, município de Confins em Minas Gerais onde foi descoberto o crânio de Luzia, Santa Elina, no município de Jangada no Mato Grosso], apesar de terem sido escavados e analisados com expertise, são frequentemente contestados, ou simplesmente ignorados, pela maioria dos arqueólogos, como se fossem antigos demais para serem verdade [..] As descobertas na Caverna Chiquihuite deverão trazer novas considerações sobre esse assunto”.[2]

[1] http://www.lajedodesoledade.org.br/

[2] https://jornal.usp.br/ciencias/caverna-mexicana-reescreve-historia-do-povoamento-da-america/


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