A análise do genoma de 49 indivíduos que viveram em
diferentes pontos da América Central e do Sul entre 11 mil e 3 mil anos atrás
sugere que grupos da cultura Clóvis migraram da América do Norte em direção ao
sul e deixaram descendentes em lugares tão diversos quanto Belize, Peru, Brasil
entre os quais os povos de Lagoa Santa a que pertencia Luzia, Argentina e
Chile. Walter Neves havia sugerido Neves que o povo de Luzia seria descendente
de uma leva migratória vinda da Austrália e da Melanésia há cerca de 14 mil
anos, ou seja, uma leva distinta daquela que veio da Ásia 12 mil anos atrás
pela rota da Beríngia e que teria dado origem à cultura Covis. Tábita Hünemeier
conclui que a pesquisa publicada em 2018 mostrou uma relação direta entre o
povo de Luzia e a cultura Clóvis. Ciprian Ardekean da Universidade Autônoma de
Zacatecas, no México e vários pesquisadores entre os quais Vanda Medeiros e
Paulo de Oliveira da USP publicado na Nature em 2020 mostra foram que encontrados
na Caverna Chiquihuite no norte do México, a quase 3 mil metros de altitude
cerca de 2 mil ferramentas de pedra, além de ossos de animais e restos de
carvão, pólen e plantas que indica que
seres humanos já estavam presentes no local entre 31 mil e 33 mil anos atrás. Um
segundo estudo de Lorena Becerra-Valdivia e Thomas Higham chega às mesmas
conclusões que que os seres humanos já estavam presentes no continente
americano “antes, durante e depois” do Último Máximo Glacial; apesar de o
povoamento mais intenso só ter se iniciado por volta de 13 mil anos atrás. Ruth
Gruhn, da Universidade de Alberta, no Canadá conclui: “Os seis sítios
arqueológicos brasileiros datados com mais de 20 mil anos [Parque Nacional da Serra
da Capivara no Piauí, Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade no Rio Grande do
Norte[1], Parque
Nacional do Catimbau em Pernambuco, Sítio Arqueológico Pedra Pintada em Roraima,
Lapa Vermelha, município de Confins em Minas Gerais onde foi descoberto o
crânio de Luzia, Santa Elina, no município de Jangada no Mato Grosso], apesar
de terem sido escavados e analisados com expertise, são frequentemente
contestados, ou simplesmente ignorados, pela maioria dos arqueólogos, como se
fossem antigos demais para serem verdade [..] As descobertas na Caverna
Chiquihuite deverão trazer novas considerações sobre esse assunto”.[2]
[1]
http://www.lajedodesoledade.org.br/
[2]
https://jornal.usp.br/ciencias/caverna-mexicana-reescreve-historia-do-povoamento-da-america/
Nenhum comentário:
Postar um comentário