Pitágoras (532 a.c.) desenvolveu sua teoria dos números partindo da experiência que mostra uma relação matemática entre as notas da escala musical e os comprimentos de uma corda vibrante ou de uma coluna de ar em vibração. Uma coluna de ar ou de uma corda de determinado comprimento daria uma nota enquanto que reduzida à metade de seu comprimento, daria uma nota uma oitava acima.[1] A escala pitagórica entretanto foi modificada por Aristóxeno no século IV a.c., pois se prestava mal à prática da arte e á fabricação de instrumentos musicais[2]. As unidades, representadas por pontos, tinham dimensões espaciais, e dentro desta perspectiva apenas os números racionais faziam sentido[3]. Para Pitágoras os números eram vistos como sagrados e dotados de características pessoais inclusive sexuais: os números ímpares são masculinos e os pares femininos. O livro chinês das permutações, escrito quinhentos anos de Pitágoras, também descreve os números pares como femininos e os ímpares como masculinos.[4]O um é a própria unidade do qual todos os demais números são múltiplos, não tem sexo. [5] O dois em sua essência representa o poder da dualidade, da multiplicidade.[6] O cinco por representar a soma do três masculino com o dois feminino representa o casamento.[7] O nove sendo o primeiro número ímpar que não é primo, representa um número afeminado. Segundo José Cavalcante de Souza: “os números são seriam, portanto – como virão a ser mais tarde – meros símbolos a exprimir o valor das grandezas, para os pitagóricos, eles são reais, são própria alma das coisas, são entidades corpóreas constituídas pelas unidades contíguas’.[8]
[1] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São Paulo:Círculo do Livro, 1987, p.74; SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.48
[2] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 44, 46
[3] RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental, Rio de Janeiro:Nova Fronteira,2016, p.57
[4] HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 55, 239, 244
[5] THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.I, Columbia University Press, 1923, p.179
[6] LAWLOR, Robert. Geometria sagrada, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p.10
[7] HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 237
[8] SOUZA, José Cavalcante. Os pré socráticos: fragmentos, doxografia e comentários. Coleção os pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. XVIII
Nenhum comentário:
Postar um comentário