Sócrates ao indicar a composição da assembleia ateniense, ante de mencionar os agricultores e pequenos comerciantes enumera os pisoeiros, sapateiros, pedreiros (structores) e metalúrgicos.[1]Sócrates, contudo, embora filho de artesão, critica tal composição da Assembleia, pois estava convicto de que só há mérito e virtude no saber. [2] Carroll Quigley destaca que os gregos tinham o conhecimento de que as leguminosas podiam adubar o solo: o trecho é mencionado na Odisseia e Xenofante e Teofrasto citavam o uso de legumes na adubação dos solos como fertilizantes, porém raramente eram usados. Um aumento do rendimento agrícola levaria à ociosidade dos escravos. Analogamente já se sabia dos benefícios da aração profunda e do plantio de sementes em sulcos, mas tais técnicas não eram usadas por “falta de um espírito de inovação”[3] uma vez que tanto escravos como do pequeno camponês ou grandes proprietários de terra não tinham interesse em ganhos de produtividade.[4] Segundo Moses Finlay: ‘diria-se que a sociedade grega, em seu conjunto, lhe faltaram a mentalidade e os móveis precisos para esforçar-se sistematicamente por conseguir maior eficiência e maior produtividade. Nem sequer um homem tão prático como Vitrúvio, que não era filósofo, senão um engenheiro e arquiteto, monstra a menor consciência das possibilidade do progresso técnico”. Maria Florenzano mostra que apesar do preconceito contra o trabalho manual a democracia grega possibilitava que as assembleias aprovassem leis que visavam a proteção do trabalhador manual desde que cidadão grego.[5] Para Edith Hall o espírito grego profundamente competitivo, mestres da palavra escrita, da representação teatral conseguiu na democracia ateniense atingir o ápice da criatividade com uma característica indubitavelmente voltada para a abertura, inovação, adoção de ideias do exterior e acolhimento dos direitos dos estrangeiros residentes na polis grega conhecidos como metecos.[6]
[1] GLOTZ, Gustavo. História Econômica da Grécia, Lisboa:Cosmos, 1973, p. 233
[2] GLOTZ, Gustave. A cidade grega. São Paulo:DIFEL, 1980, p.122
[3] QUIGLEY, Carroll. A evolução das civilizações, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961, p.224
[4] FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 93
[5] FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 42
[6] HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.127
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