Para Moses Finley a profusão de termos usados para se
referir aos escravos reflete a realidade histórica de escravidão grega e sua
complexa relação com a sociedade.[1] Na
sociedade grega haviam escravos como trabalhadores assalariados livres muitas
vezes desempenhando o mesmo trabalho, muito embora no trabalho insalubre das
minas, por exemplo, predominavam os escravos[2] “não era a natureza do trabalho que
distinguia o escravo do homem livre, mas a classe social do homem que executava
o trabalho”.[3]
Antes de ser libertado o escravo se comprometia a prestar certos serviços a seu
patrão. Haviam duas espécies de serviços distintos para os escravos as operae officialis referente a trabalhos
domésticos e as operae fabriles em
que o liberto era submetido a jornadas de trabalho conforme seu ofício. [4] Os
escravos artesão ou lojista podiam muitas vezes comprar sua alforria. [5] Segundo
Moses Finley: “Nós condenamos a
escravatura e ficamos embaraçados por causa dos gregos, que tanto admiramos;
por isso, ou tendemos a subestimar o papel dos escravos na vida da Grécia, ou
ignoramo-los completamente, esperando que, de qualquer modo, eles, calmamente,
desapareçam”.[6]
Moses Finlay destaca o paradoxo de que a mesma Atenas que exaltava o valor da
democracia era o Estado da Grécia clássica que contaria com o maior número de
escravos, algo em torno de 60 mil a 80 mil escravos numa proporção similar a
encontrada no sul dos Estados Unidos antes da Guerra de Secessão: “o
paradoxo final que oferece a história da Grécia arcaica é a do avanço, lado
a lado, da liberdade e da escravidão” [7]
[1] FINLEY, Moses. Economia
e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p. XXV, 110, 150
[2] FINLEY, Moses. Economia
e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p.112;
FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São
Paulo:Brasiliense, 1986, p. 46; JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São
Paulo:Epusp, 1977, p.224
[3] FINLEY, Moses. Economia
e sociedade na Grécia antiga, São Paulo:Martins Fontes, 2013, p.137
[4] GIORDANI, Mario Curtis.
História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 201
[5] AYMARD, André; AUBOYER,
Jeannine, Roma e seu império, História Geral das Civilizações, São Paulo:1974,
p. 168
[6] PIGGOTT, Stuart. A
Europa antiga, Lisboa:Fund. Calouste Gulbenkian, 1965, p. 28
[7]
FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorail Labor, 1966,
p. 48, 73
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