Moses Finley mostra que os cidadãos gregos eram na maior parte camponeses sendo que o artesanato e o comércio exercido principalmente por estrangeiros, conhecidos como metecos[1]. Dos metecos e libertos apesar do tratamento disscrinatório que sofriam é de onde se conheciam grandes médicos, engenheiros e aartistas.[2] Um cidadão não poderia atuar no comércio, caso desejasse seguir nesse intento teria de emigrar para outra cidade. Apenas algumas cidades como Egina e Quios permitiam que seus cidadãos atuassem no comércio[3]. Cícero em De Civitate atribui o “desejo de traficar” como a causa da decadência de cidades como Corinto e Cartago.[4] Para Cícero: “desprezível é o negócio do varejista, pois só pode ter bom êxito se desonesto, e a desonestidade é a coisa mais vergonhosa do mundo”.[5] Uma mostra de que a atividade industrial não tinha o papel central na economia grega clássica é de durante o século VII e meados do século VI a.c. embora Corinto se destacasse na produção de cerâmicas[6] mesmo quando Atenas veio a suplantar Corinto no século VI a.c. a cidade não experimentou nenhum declínio significativo: “a civilização grega permaneceu enraizada no solo, e isto foi verdade até mesmo para as comunidades mais urbanizadas como Atenas, Corinto ou Mileto”.[7] Moses Finalay mostra mostra como Corinto, mesmo como principal exportadora de cerâmicas para suas colônias e através delas aos etruscos e povos não gregos, não havia uma relação colonial imperialista, tais relações entre colônias e cidades principais nunca se mantinham por uma base comercial. Mesmo quando Atenas arrebatou de Corinto a primazia deste comércio em meados do século VI a.c. não houve nenhuma mudança significativa nestes “relações colonais”.[8] A cidade clássica é uma extensão do campo, a ponto de Marx concluir: “A história antiga clássica é a história das cidades, porém, de cidades baseadas sobre a propriedade da terra e na agricultura”.[9] Segundo Emil Kuhn a cidade e o campo constituíam uma unidade na Grécia clássica (500 a 338 a.c. quando se deu o início do período helenístico) e não dois modos antagônicos de vida.[10] Moses Finlay observa que o termo cidade Estado induz a visão equivocada, na verdade Atenas, por exemplo era uma cidade de apenas 2300 km2, de modo que o termo sugere que a cidade governava o campo, o que não era o caso, pois na maior parte das cidades estado gregas não eram em absoluto cidades mas dominadas pelo campo.[11]
[1] JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.170
[2] MONTANELLI, Indro. História dos gregos, São Paulo:Ibrasa,1962, p. 138
[3] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 149
[4] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 171
[5] HADAS, Moses. Roma Imperial, Biblioteca de História Universal Life, Rio de Janeiro: José Olympio, 1969, p. 161
[6] FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 36
[7] FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 36
[8]FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorail Labor, 1966, p. 40
[9] FLORENZANO, Maria Beatriz. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 99
[10] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 146
[11]FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 55
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