Em 155 a.c. o filósofo grego, o cético Carnéades, o peripatético
Critolau e o estoico Diógenes foram levados em missão diplomática para realizar
algumas palestras em Roma, numa das quais Carnéades afirmou que os deuses não
existiam, introduzindo no conhecimento a noção de probabilidade aplicada ao
poder da adivinhação. Crítico do estoicismo, Carnéades buscava uma
racionalidade nas crenças religiosas.[1]
De acordo com Plutarco, Catão, o velho, tornou-se o maior adversário de Carnéades,
a favor de mandá-lo de volta a Atenas o quanto antes. Mas o poder dos
harúspices ainda se verifica nessa época, por exemplo, em 152 a.c quando haviam
previsto a morte de magistrados e sacerdotes pela queda de uma coluna diante do
Templo de Júpiter, o que levou a todos se demitirem para evitar o infortúnio. [2]
O também cético Sexto Empiricus explica
que nem tudo pode ser baseado numa racionalidade, pois tal como não é
impossível para quem conseguiu escalara uma altura por meio de uma escada,
depois de tê-lo conseguido, retire a escada com o pé da mesma maneira não
parece incongruente que o cético, tendo chegado à prova proposta, passando por
uma ponte sobre o raciocínio que demonstra não existir demonstração destrua
também este mesmo raciocínio.[3]
Cícero em Academica expõe as teses inconclusivas de Carneades sobre a
existência de Deus: “Negais que se pudesse criar este mundo tão bel e tão
bem acabado sem um providência divina. Aqui estamos à frente de Estraton de
Lâmpsaco que recusa servir-se da obra dos Deuses para fabricar o mundo. Ensina
ele que qualquer coisa existente foi criada pela natureza por pesos e
movimentos naturais. Não outorgo o meu assentimento nem à opinião de Estraton
nem à tua [que crê em Deus], ora parece-me mais provável uma coisa, ora a outra”.
[4]
[1] BLOCH, Raymond; COUSIN,
Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.87, 190; BICCA,
Luiz, Carnéades em Roma: ceticismo e dialética, Sképsis, ano iv, nº 5, 2009,
p.77 a 101 http://philosophicalskepticism.org/wp-content/uploads/2014/06/3carneades_em_roma.pdf
[2] BLOCH, Raymond; COUSIN,
Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.87, 203
[3]
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos,
São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 142
[4]
MONDOLFO, Rodolfo. O pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos,
São Paulo: Mestre Jou, 1973, p. 130
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