domingo, 26 de julho de 2020

Alabaja yourubá

Entre os escravos, tidos como mercadorias, haviam diversas marcações como a do traficante, do comprador, da Corte portuguesa indicando que os impostos haviam sido pagos ou da Igreja indicando o batizado. [1] A filiação étnica dos escravos pode se evidenciar na presença de marcas no seu corpo, presentes em muitos escravos da nação iorubá, conhecida na Bahia como nagô. Na África tais escarificações eram feitas ainda quandro crianças por especialistas devotos de Ogum, o patrono do ferro e da guerra, com intuito se integrar o indivíduo à sua comunidade, numa espécie de batismo sagrado. Entre os Ijebu estes especialistas eram conhecidos como alakila “o senhor da escarificação”. Nos relatos da devassa que debelou o levante Malê na Bahia de 1835 há diversas referências aos “sinais da nação” conhecidos com alabaja / abaja nos escravos presos.[2] O reverendo Samuel Johnson do século XIX registra marcas faciais nos nativos iorubás de diversas famílias. [3]



[1] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.282

[2] REIS, João José. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, São Paulo: Cia das Letras, 2012, p. 312, 313

[3] JOHNSON, Samuel. The History of the Yorubas: From the Earliest Times to the Beginning of the British Protectorate. Lagos: CMS (Nigeria) Bookshop, 1956, p. 106


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