William Gilbert[1]em sua obra De magnete magneticisque Corporibus de 1600 teve grande influência dos trabalhos de Peter de Maricourt embora não compartilhasse suas teses de movimento moto contínuo. Apesar disso na obra de Gilbert fica clara sua perspectiva da Terra como um corpo vivo dotado de alma sugerindo que esta era superior à alma humana por não ser iludida pelos sentidos, fazendo referências a Hermes, Zoroastro e Orfeu.[2]Para Gilbert a força magnética era manifestação de algo animado que “imita uma alma”, de modo que a alma da terra nada mais é que sua força magnética.[3]Em De magnete Gilbert trata de cosmologia, magnetismo, problemas de navegação e instrumentos náuticos servindo-se em grande parte das observações do marinheiro e artesão Robert Norman e do trabalho do ex comandante na batalha da Invencível Armada William Borough[4]. William Gilbert dirige aos filósofos naturais uma recomendação: “gostaria de aconselhar os homens instruídos a usar da modéstia ao publicar seus conceitos e não condenar desdenhosamente aqueles que procuram os segredos de suas artes e ofícios e publicam-nos para o proveito e utilidade dos outros”.[5]Francis Bacon critica Gilbert por ter construído uma filosofia natural “completamente arbitrária e fantástica”.[6] George Sarton aponta a obra de Gilbert como um dos primeiros livros científicos de um inglês junto com De motu cordis et sanguinis de Harvey publicada em 1628, ambas escritas em latim e não em inglês
[1] RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar, 2001, p.39
[2] HENRY, John. A revolução científica e as origens da ciência moderna. Rio de Janeiro:Zahar, 1998, p. 59; ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.59
[3] BURTT, Edwin Arthur. As bases metafísicas da ciência moderna. Brasília: UNB, 1984, p. 132; SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 97
[4] ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 46
[5] ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas. São Paulo:Cia das Letras, 1989, p. 24
[6] ROSSI, Paolo. Francis Bacon: da magia à ciência. Curitiba:Ed. UFPR, 2006, p.180
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