sexta-feira, 5 de junho de 2020

Termas romanas


Os aquedutos em Roma garantiam o abastecimento para os cerca de 300 banhos públicos e termas ou thermae que consumiam cerca de 3 milhões de litros de água por dia,[1] alguns dos quais com água quente[2]. O censo de Agripa em 33 a.c computou 170 termas em Roma[3]. Dentro das termas haviam espaços para jogos, biblioteca ou reuniões, o que mostra que eram não apenas um local para o bem estar físico mas centro de convívio social.[4] As termas de Caracala tinha uma área de 130 mil metros quadrados e capacidade para 1600 pessoas com ambientes destinados ao banho, saunas, bibliotecas[5] e salas de reunião.[6] Nas termas de Caracala foi encontrado o touro de Farnese mostrado na figura. Os aquedutos em Roma tinham um sistema de distribuição baseado na gravidade. Foram encontrados nos porões das termas de Caracala vestígios de moinhos hidráulicos[7]e fornalhas subterrâneas que garantiam água aquecida[8]. Vitrúvio[9] atribui a Sergius Orata a invenção do hipocausto (aquecimento sub-piso ou banhos termais relaxantes balneae pensiles)[10]. Na Grécia do século IV a.c. sistemas de calefação conhecidos como hypocauston – andar por debaixo, desenvolvido por Gaius Sergio Orata[11] e aperfeiçoado pelos romanos consistia em túneis subterrâneos que canalizavam gases quentes gerados por um forno e que passavam por baixo de certas zonas da casa, e cujos gases saíam por chaminés colocadas nas paredes ou no telhado.[12] O tepidário (tepidarium) era o local do banho morno (tépido) nas termas da Roma Antiga onde os banhistas se havituavam á mudança de temperatura entre o frigidariume o caldarium. [13]As termas permitiam banhos em diferentes temperaturas em outros compartimentos conhecidos como calidarium e frigidarium.[14]

Foi somente em 537 que a água deixou de correr nos banhos de Caracala.[15] Jerome Carcopino aponta que as termas conhecidas como de Caracala deveriam se chamar de Antonino porque a obra tendo sido iniciada sob Septímio Severo em 206 foi prematuramente inaugurada pelo seu filho Antonino Caracala em 216 e terminada apenas com Alexandre Severo, o último dos Antoninos.[16] Em Pompeia se encontram as termas Stabianas na Via da Abundância construída logo que os romanos invadiram a cidade e que tinha como inovação o equipamento do ginásio que permitia alternar exercícios de natação com ginástica.[17] Em Timgad na Argélia foram encontradas doze termas romanas.[18] Os banhos de Ostia tinham tanques de estocagem num nível baixo em que água era elevada por rodas para um tanque em um pavimento superior para que tivesse pressão razoável para distribuição.[19]
[1] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São P5aulo, 1970, p. 43
[2] LEWIS, Brenda. Great civilizations, Parragon:London, 1999, p.253
[3] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.147
[4] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 67
[5] CASSON, Lionel. Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 105
[6] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 133; CLARK, Peter. A evolução das cidades, História em Revista, Rio de Janeiro:Time Life, 1993, p.52; FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 87
[7] SAGUI, C. Os moinhos de Barbegal. In: GAMA, Ruy, História da técnica e da tecnologia, São Paulo:Edusp, 1985, p. 147
[8] HADAS, Moses. Roma Imperial, Biblioteca de História Universal Life, Rio de Janeiro: José Olympio, 1969, p. 94
[9] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 15
[11] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 180
[12] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 79
[13] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 214
[14] Vatican Museums, Rome:Libreria Editrice Vaticana, 2011, p.227
[15] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 258
[16] CARCOPINO, Jerome. A vida quotidiana em Roma, Lisboa:Livros do Brasil, 1938, p.309; ONCKEN, Guilhermo. História Universal – História de Roma, Francisco Alves:Rio de Janeiro, v.V, p.578
[17] CARPICECI, Alberto. Pompeia hoje e como era 200 anos atrás, Florença:Bonechi Edizioni, 1998, p. 81
[18] Time Life. Roma: ecos da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 86
[19] USHER, Abbott. Uma história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p.186. 199




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