Geoges Duby observa que os dados sobre arados usados na idade média
datam do renascimento carolíngio no final do século VIII, relativos a
propriedades maiores e mais bem administradas [1] Enquanto
na região mediterrânea era usado um arado leve sem rodas, aratrum em latim ou araire
em francês, os solos pesados da zona temperada da Europa exigiam um arado mais
pesado para poder revolver a terra adequadamente a carruca em latim ou charrue
em francês, o arado com rodas puxado por bois, que no Edictus Rotharii de 643
era descrito como plovum[2].
Lynn White observa que o sistema de três campos aumentou muito a produtividade
agrícola em fins do século VIII. A adoção da charrua de ferro foi fundamental
para o aumento de produtividade e consequente urbanização e aumento
populacional no norte da Europa.[3] Jean
Gimpel observa que se a relha das charruas medievais não fosse ao menos
parcialmente de ferro jamais teriam conseguido desbravar as terras virgens e florestas
do oeste e norte da Europa. [4] Outro
aspecto decisivo para o aumento de produtividade na agricultura do século X foi
a adoção do sistema de pousio e rotação de culturas,[5] assim
como a prática da margagem ao tempo de Carlos Magno, uma argila que contém
carbonato de cálcio e quando misturado à terra atua como fertilizante.[6] O arado
de metal, que permitia abrir sulcos mais largos e profundos, foi adotado na
Europa somente no século XVIII, após vencer a resistência dos camponeses que
acreditavam que o ferro envenenaria o solo.[7] Na
Russia a charrua de aivecas teve difusão
bastante lenta e até o século XX o camponês russo ainda utilizava o simples
arado ou soka (charrua de madeira). [8]
[1] DUBY, George.
Guerreiros e Camponeses: os primórdios do crescimento econômico europeu do
século XII. Lisboa: Estampa, 1980, p. 26, 28
[2] HODGETT, Gerald.
História social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.26
[3] WHITE, Lynn. Tecnologia
e invenções na Idade Média. In: GAMA, Ruy. História da técnica e da tecnologia,
São Paulo:Edusp, 1985, p. 95
[4] GIMPEL, Jean. A
revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.38
[5] WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford University
Press, 1964, p.69; HODGETT, Gerald. História social e econômica da Idade Média, Rio
de Janeiro:Zahar, 1975, p.216, 218; BURNS, Edward McNall. História da
civilização ocidental, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1959, p.326
[6] HODGETT, Gerald.
História social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.28
[7] BURNS, Edward McNall.
História da civilização ocidental, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1959, p.509
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