domingo, 7 de junho de 2020

Pontifex Maximus

Os construtores da ponte Sublícia sobre o rio Tibre gozam de respeito mágico religioso, ao qual se atribui o nome de pontífices do latim: pontifex, construtor de pontes") membro do principal colégio (colégio) de sacerdotes. Em Roma o Colégio de Pontífices (Collegium Pontificum) tinha como líder o pontífice máximo (pontifex maximus)[1]construtor de pontes[2] e ao qual era atribuído o poder efetivo sobre os assuntos religiosos.[3] Próximo ao Fórum Romano ficava a Régia que servia como santuário sagrado e residência oficial do pontifex maximus ou sumo sacerdote de Roma.[4]O Pontifex Maximus era o único depositário da interpretação do direito, antes da instituição dos decênviros em 452 a.c. e também era o responsável para supervisão do calendário[5] - calendas de caráter local uma vez que não havia um calendário comum entre as cidades estados gregas, a despeito dos esforços de Delfos no século VII a.c. neste sentido.[6] Em 304 a.c os plebeus conseguiram quebrar o monopólio até então exercidopelo Colégio dos Pontífices em matéria de interpretação das leis. Os pontífices tinham como uma de suas prerrogativas a organização do calendário com a fixação dos dias em que eram permitido tratar as causa em juízo (dies fasti) e os dias em que isso era proibido (dies nefasti).[7]
A dificuldade em se estabelecer um calendário é um reflexo da inércia científica romana, a instituição de meses suplementares dependia do colégio de pontífices e era governada por interesses políticos e escrúpulos religiosos o que levava a graves desordens. Os colégios de augures e pontífices eram formados os seis pontífices conhecedores das coisas humanas e divinas que detinham os segredos das medidas e dos numerais e que deviam anunciar o calendário de dias festivos, de lua nova (novilúnio) e lua cheia (plenilúnio).[8] Em 46 a,c com a ajuda de sábios alexandrinos entre os quais Sosígenes, o imperador Júlio César impôs uma reforma no calendário que fixava a duração do ano em 365 dias e um quarto. Na Reforma de Julio Cesar foi estabelecido que o primeiro dia do ano não seria o primeiro dia do solstício de inverno, ou seja, em 25 de dezembro mas na primeira lua nova após esta data que naquele ano ocorreu oito dias pós ou 1 de janeiro.[9] Com a morte de César em 44 a.c. e sem poder controlar a fixação do primeiro ano bissexto (sendo 24 de fevereiro o sexto dia antes das calendas de março, o dia 25 adicional a ser inserido no calendário a cada quatro anos passou a ser conhecido como “sexto repetido”). Os pontífices acabaram interpretando de forma errada o texto do decreto a criaram o primeiro ano bissexto a um intervalo a cada três anos ao invés de quatro anos, sendo necessários mais cinquenta e dois anos para corrigir o erro. [10]
[1] BONILLA, Luis. Breve historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.113; MATTOSO, Antonio. História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.382
[2] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 204
[3] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.69
[4] Time Life. Roma: ecos da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 24
[5] DEARY, Terry. Terríveis romanos. São Paulo:Melhoramentos, 2002, p. 102
[6] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 149, 154
[7]GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 260
[8] ONCKEN, Guilhermo. História Universal – História de Grécia e Roma, Francisco Alves:Rio de Janeiro, v.IV, p.621
[9] MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 417
[10] AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine, Roma e seu império, História Geral das Civilizações, São Paulo:1974, p. 236

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...