Da Universidade de Salamanca viria para Portugal o astrônomo judeu Abraão Zacuto / Abraam Zagut autor da obra Almanach Perpetuum Celestium Motuum impresso em Veneza em 1472 e 1502 e mantido em segredo em sua época. Zacuto foi consultado por Vasco da Gama antes de sua viagem à Índia. [1]Zacuto mais tarde se tornaria o medico da Corte de d. João II. [2] As tabelas de Zacuto (1496) eram usadas para cálculo de longitude assim como as de Regiomontanus (1494), Alfonso X o Sábio (1483) com as tabelas alfonsinas (Alphonsi regis Castellae coelestium motuum tabiulae) e Giovanni Bianchini (1495) com as chamadas tabelas de Ferrara basedas nas tabelas alfonsinas, porém, as de Zacuto eram as mais difundidas. As observações das tabelas alfonsinas originais foram feitas pelo astrónomo árabe de Córdoba do século XI Azarquel, e a revisão foi baseada nas observações levadas a cabo em Toledo pelos cientistas judeus afonsinos Jehuda ben Moshe e Isaac ben Sid entre 1262 e 1272. As tabelas Alfonsinas continuaram sendo reeditadas em 1641 em Madrid mesmo quando seus erros já eram notórios[3] diante das tabelas Rudolfinas / Rodolfianas de Kepler com dados de Tycho Brahe publicada em 1627 e reeditada até a metade do século XVIII[4]. O discípulo de Zacuto, José Vizinho em Salamanca já aceitara o convite de d. João II em 1485 e traduziu para o latim o almanaque de Zacuto escrito em hebraico, medições que foram úteis aos navegadores portugueses por cinquenta anos para determinação da latitude. Os mapas elaborados por José Vizinho foram fundamentais para Bartolomeu Dias contornar a costa da África.[5]
[1] MOURÃO, Rogério. Dicionário de astronomia e aeronáutica, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p.877
[2] COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 78; BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.163
[3] SARTON, George. Six wings, men of science in the Renaissance, Bloomington: Indiana University Press, 1957, p. 4
[4] MOURÃO, Rogério. Dicionário de astronomia e aeronáutica, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p.770
[5] RESTON, Os cães do Senhor, São Paulo: Record, 2008, p.201
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