terça-feira, 2 de junho de 2020

Régua de Ptolomeu

A astronomia de Ptolomeu tal como a de Hiparco era baseada em observações próprias e instrumentos por ele inventados ou aperfeiçoados. Os instrumentos usados por Ptolomeu em suas observações astronômicas incluíam astrolábios, quadrantes meridianos de alvenaria e a “régua de Ptolomeu”, “régua paralática” ou triquetrum (três quinas) para determinar a distância zenital da Lua no instante de sua passagem pelo meridiano do lugar, e que logo passou também a ser empregado para medir a passagem de estrelas fixas pelo meridiano. O instrumento consistia numa haste vertical na qual se articulavam dois braços um superior também chamado alilade e outro braço inferior. Como em outros artefatos astronômicos, se usava um fio de prumo para assegurar que a haste principal se posicionasse exatamente na direção vertical. As três varas formam um triângulo isósceles de abertura variável. Uma vez ajustada a vara vertical mede-se o ângulo de junção medido pela corda subentendida entre a vara vertical principal e a alilade. A distância entre a vareta e seu parafuso, até a marca feita na observação, é a medida da corda do ângulo que forma a alidade e a vara principal. A medida do ângulo correspondente a essa corda é obtida consultando uma tabela com valores das cordas em função do ângulo de abertura do instrumento e do comprimento da alidade.[1] O astrônomo Nicolau Copérnico (1473–1543) descreveu seu uso no quarto livro do De revolutionibus orbium coelestium sob o título Instrumenti parallactici constructio. O modelo ptolomaico conseguia um resultado bastante satisfatório tendo em vista a precisão dos equipamentos de medição de sua época[2]. O Almagesto foi antes de tudo um livro de matemática de modo que seu título original Sintaxis Matematica ou em grego parecia bastante apropriado segundo George Sarton[3]. Em grego o título recebu o nome de He magiste syntaxis (A maior compilação) traduzido para o árabe como Al majisti que acabou conhecido como Almagesto [4] que se tornou o principal texto em defesa do geocentrismo pelo qual a terra é o centro do universo e do geoestatismo pelo qual a terra se encontra imóvel.
[1] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.124; MOURÃO, Rogério Freitas. Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 1987, p. 806
[2] BURTT, Edwin Arthur. As bases metafísicas da ciência moderna. Brasília: UNB, 1984, p. 29
[3] SARTON, George. Ciencia antigua y civilizacion moderna, Buenos Aires, Fondo de Cultura, 1960, p.56
[4] BRAGA, Marco; GUERRA, Andreia; REIS, Jose Claudio. Breve historia da ciência moderna, v.I, Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 62

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