terça-feira, 2 de junho de 2020

Aristarco de Samos

Aristarco de Samos (320-250 a.c.), conhecido como o “Copérnico da antiguidade[1]determinou por um método gráfico a distância da terra em relação ao sol medindo o triângulo formado pelo sol, terra e lua quando esta entra no seu primeiro e último quarto. Aristarco observou os tempos de duração dos eclipses solar e lunar, para determinar a distância absoluta entre a Terra e a Lua. Aristarco na obra Sobre as dimensões e distâncias do sol e da lua, observou a distância angular da lua e do sol no momento preciso da quadratura e a secante desse ângulo representa a relação entre a distância solar e a lunar. No entanto, um pequeno erro nessa medição compromete muito os resultados, pois o ângulo com a terra é quase reto. Aristarco assumia que a reta que une a Terra á lua forma um ângulo de 87 graus com o Sol quando na verdade o ãngulo correto é de 89,5 graus, um erro pequeno mas que provoca diferenças significativos nos cálculos de Aristarco[2]. Aristarco concluiu que a distância do sol para com a terra era vinte vezes maior do que a distância da terra para com a lua, quando na verdade a relação era de 400 vezes. [3] Aristarco estimou que a lua seria um corpo com um diâmetro de um terço ao da Terra.[4] George Sarton destaca a importância do trabalho de Aristarco não somente porque mede distâncias e dimensões de corpos celestes como também porque seus cálculos geométricos antecipam a trigonometria[5]. Aristóteles em O contador de areia descreve o modelo proposto por Aristarco em que o Sol é mantido imóvel e a Terra gira ao redor do Sol numa trajetória circular anual, assim como descrevia o movimento de rotação diário da terra para justificar dias e noites. As estrelas fixas também giram em torno do sol, porém, numa esfera tão distante que a órbita da terra seria vista como um minúsculo ponto, o que sugere uma grandiosidade para o universo até então inconcebível. Por haver proposto o sistema heliocêntrico, Aristarco foi denunciado pelo estoico Cleantes de Assos e sua tese condenada, conforme nos mostra Plutarco em De facie in orbe luna, no entanto, suas teses foram acolhidas um século mais tarde por Seleuco o babilônio (sec II a.c.) quando desenvolveu sua teoria das marés baseada na rotação da terra.[6] Cleanto (331-233 a.C.) é mencionado por Paulo nos Atos dos Apóstolos em 17:28 quando o poeta no “Hino a Zeus” se refere a ‘Também somos descendência dele’. Vitrúvio também faz uma referência elogiosa a Aristarco e o tem em alto conceito.[7] Hiparco e Ptolomeu posteriormente rechaçaram as teses heliocêntricas de Aristarco.
[1]HALL, Edith. The ancient greeks, London:Vintage, 2015, p.224; SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 58
[2]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 55
[3] CANTU, Cesare. História Universal, v. IV, São Paulo:Editora das Américas, 1958, p.124
[4] CURY, Fernanda. Copérnico e a revolução da astronomia, São Paulo:Odysseus, 2003, p. 14
[5]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 57
[6]POPPER, Karl. A racionalidade das revoluções científicas. In: Problemas da revolução científica, Belo Horizonte:Itatiaia, 1976, p. 96, 105; LLOYD, G. Ciência e matemática In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília: UNB, 1998, p. 309
[7]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 59

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