A necessidade de construções militares para defesa da Colônia faz aportar mestres, ferreiros entre outros ofícios. Tomé de Souza chega ao Brasil em 1549 na Bahia para fundar a cidade de Salvador acompanhado de Luíz Dias, mestre de obras e arquiteto[1]; Diogo Peres, mestre pedreiro; Pedro Goes, mestre pedreiro arquiteto e construtor dos primeiros engenhos de açúcar[2]; Luis Martins, mestre de fazer cal; Francisco Nicolas, mestre de carpintaria; Diogo de Castro, boticário; os carreiros João Dias de Soajo e Martim Gonçalves entre outros oficiais[3]em um total de 77 artífices[4]. Basílio de Magalhães cita o engenho de Pero de Góis em São Vicente em 1532 representado em iconografia de Hans Staden denominado Engenho Madre de Deus como um dos primeiros engenhos instalados na colônia.[5] Gabriel Soares e Frei Gaspar relatam que no engenho Madre de Deus o engenho d’água atendia, mediante um certo imposto, aos pequenos lavradores que plantavam a cana sem ter um engenho próprio tal como o “lagar do príncipe” em Portugal ou o “moulin banal” na França.[6]. O item 12 do Regimento do governador geral Tomé de Souza estabelecia que o senhorio das terras concedidas para cada engenho de açúcar será obrigado a moer, no dito engenho, as canas dos lavradores vizinhos.[7] Em 1516 o Rei D. Manoel ordenou por um alvará ao feitor e mais oficiais da Casa da Índia que “dessem machados, enchadas e mais ferramentas as pessoas que fossem para o Brasil, e por outro alvará que o mesmo feitor e oficiais procurassem e elegessem um homem prático e capaz de ir ao Brasil dar princípio a um engenho de açúcar, e que se lhe desse sua ajuda de custo, e também todo o cobre e ferro e mais coisas necessárias, para o fabrico do dito engenho”, possivelmente em Pernambuco, aonde existia uma feitoria régia, única de que há notícia autenticada. Em 19 de outubro de 1526 os livros de arrecadação da Casa da Índia em Lisboa registram o pagamento de direitos a açúcar proveniente de Itamaracá segundo Visconde Porto Seguro: “isto prova evidentemente que já nesse tempo e em ambas as localidades se cultivava a cana de açúcar e havia, senão engenhos, pelo menos engenhocas em que ele se fabricava”. Em 1570 Pero de Magalhães Gandav assinala a presença de 23 engenhos em Pernambuco. Fernão Cardim registra um total de 66 em 1584. Frei Vicente Salvador estima em cerca de 100 em 1627. Mesmo após a destruição com a guerra contra os holandeses, Antonil menciona 246 engenhos. A informação Geral da Capitania de Pernambuco em 1749 assinala a existência de 202 engenhos, número que experimentaria novo crescimento com as medidas de Pombal com a criação da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba em 1759 o que elevou o número de engenhos para 369 em 1777.[8]
[1] TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil: séculos XVI a XIX, Rio de Janeiro:Clube de Engenharia, 1994, p.74; MENDES, Chico; VERÍSSIMO, Chico; BITTAR, William. Arquitetura no Brasil de Cabral a Dom João VI, Rio de Janeiro;Imperial Novo Milênio, 2009, p. 59
[2] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 408, nota 61
[3] BARSA PLANETA, História do Brasil: primeiros povos brasileiros, descobrimento e colonização, 2009, v.1, p. 227; MOTOYAMA, Shozo. Prelúdio para uma história: ciência e tecnologia no Brasil, São Paulo:Edusp2004, p. 89; SOUZA. Bernardino José. Ciclo do carro de bois no Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1958, p. 104
[4] LIMA, Heitor Ferreira. História Político econômica e industrial do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1970, p. 107
[5] GUIMARÃES, Basílio. O açúcar nos primórdios do Brasil Colonial, Rio de Janeiro: Instituto do Açúcar e do Álcool, 1953, p.19
[6] CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1937, p.28 http://www.brasiliana.com.br/obras/historia-da-civilizacao-brasileira/pagina/27/texto
[7] JÚNIOR, Manuel Diegues. População e açúcar no Nordeste do Brasil, São Paulo:CNA, 1954, p.117
[8]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 66
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