terça-feira, 2 de junho de 2020

Museu e Farol de Alexandria



O museu (mousaion)[1] de Alexandria (Templo das Musas/Musai[2]inspiradoras de toda criação criativa, um lugar para se celebrar as artes tal com as musas celebravam[3]) citado por Estrábão como uma parte dos palácios reais, foi construído por Ptolomeu I em 294 a.c, Demetrio de Falereo (345-283 a.c.) e Estraton de Lapmsaco, conhecido como “O Físico[4], no período helenístico possúia grande biblioteca com mais de 70 mil livros na forma de rolos e papiros[5] e era um centro de estudos superando Atenas[6]. [7]George Sarton indica 400 mil rolos em seu apogeu, porém, não é possível estar seguro do número correto[8]. René Taton menciona 700 mil volumes.[9] Lionel Casson se refere a 490 mil livros. [10] Eram nove as musas: Clio musa da Historia, Euterpe muda da poesia lírica, Talia muda da comédia, Melpomene musa da tragédia, Terpsícore musa da dança e da música, Erato musa da poesia erótica, Polimnia musa da poesia sacra, Urania musa da astronomia (representada sob a forma de uma jovem tendo numa de suas mãos um globo terrestre e na outra mão um tubo terrestre) e Calíope musa da poesia épica. George Sarton observa que Urania não representa as ciências da astronomia mas a glória dos céus que junto com Clio foram os mais antigos patronos da história das ciências. Apolo deus da lira era o guia das musas, Musagetes. [11] George Sarton observa que não está claro se o Museu e a Biblioteca eram instituições separadas.[12]Sprague de Camp destaca que Ptolomeu I (Soter - Salvador), fundador da cidade de Alexandria[13], era historiador, seu filho Ptolomeu II (Filadelfo – Amigo do irmão) estudava zoologia e Ptolomeu III (Evergeta - Benfeitor), filho de Ptolomeu II, era matemático e, portanto, o papel destes governantes como intelectuais contribuiu para o estabelecimento de Alexandria como capital científica do mundo antigo.[14] Para George Sarton “Alexandria foi a verdadeira filha de um grande rei, pois Alexandre introduziu no mundo uma nova ideia de fecundidade incalculável: a concepção grega de cidade Estado foi substituída pela de um mundo cosmopolita, cuja heretogeneidade étnicae religiosa unificava a cultura laica. Alexndria não apenas uma metrópole, foi uma cosmópole, a primeira de sua espécie”. [15] O grande farol de Alexandria, com mais de 120 metros de altura, construído na ilha de Pharos pelo arquiteto Sostrato de Cnido, e destruído em 1375 por um terremoto, foi um grande símbolo do comércio e prosperidade da cidade de Alexandria.[16]A chama era alimentada por óleo e refletida na direção do mar por meio de placas de ferro ou bronze polido. O monumento, curiosamente, não aparece na lista das sete maravilhas do mundo de Fílon de Bizancio em De septem orbis spectaculis.[17] Somente a partir do século VI, com Beda, o momento passa a ser incluído nas listas das maravilhas do mundo.[18]
[1] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 96
[2] ROSTOVTZEFF, M. História da Grécia. Rio de Janeiro:Zahar, 1983, p.302
[3] CASSON, Lionel. Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 45
[4]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 30
[5] STRATHERN, Paul. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química, Rio de Janeiro:Zahar, 2002, p.31; McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.80; MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.75
[6] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.89
[7] DURANT, Will. A filosofia de Aristóteles. Rio de Janeiro, Ediouro, 1982, p.25
[8] SARTON, George. Ciencia antigua y civilizacion moderna, Buenos Aires, Fondo de Cultura, 1960, p.19
[9] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 97
[10] CASSON, Lionel. Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 49, 115
[11]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 28
[12]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 27
[13]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 18
[14] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 131
[15]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 20
[16]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 25
[17]SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 27
[18]ROMER, John. As sete maravilhas do mundo, São Paulo: Melhoramentos, 1996, p. 63

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