terça-feira, 2 de junho de 2020

Estradas romanas

Apesar do pouco apreço pelas elaborações filosóficas gregas, os romanos destacavam-se pelo seu interesse em engenharia na construção de aquedutos, fortalezas, estradas e pontes se destacaram em relação aos gregos. As estradas romanas do século II a.c se diferenciavam entre as viae glarea stratae – ruas de cascalho calcado e as viae silice stratae – ruas de pedra. [1] A proposta das estradas romanas era garantir durabilidade de modo que não necessitasse de manutenção periódica[2]. A via Ápia foi concluída em 312 a.c. e possivelmente a tecnologia usada tinha origem etrusca.[3] Os romanos aprendem dos italianos do sul a técnica de usar pozzolana sobre uma ou duas camadas de cascalho.[4] No século IV Constantino escreve: “Necessitamos de tantos engenheiros quanto é possível obter”. Dionísio de Helicarnasso no século V d.c. confirma a análise de Estrabão: “a extraordinária grandeza do Império Romano se manifesta acima de tudo em três coisas: os aquedutos, as estradas pavimentadas e a construção de sistema de esgoto”[5]. Marc Bloch observa que as estradas romanas foram construídas menos solidamente do que se supõe e sua deterioração se dava por falta de manutenção.[6] Em campo aberto as estradas eram retas como a Fossa Way na região rural de Simerset[7], o que exigia um trabalho de topografia com uso de quadrates, a groma e uma espécie de prumo o chorobate, usado para traçar o perfil do terreno. Vitruvius descreve um engenhoso mecanismo formado por engrenagens usado como hodômetro para contagem da distância percorrida pelas carruagens, conhecido como taxicab.[8] Entre as estradas romanas destaca-se a Via Appia na Itália meridional. Outras estradas romanas incluíam a Via Latina na Italia meridional, Via Salaria entre Sabina e o Adriático, Via Clodia no mar Tirreno, via Flaminia na ùmbria, Via Aurelia na Liguria, via Cassia na Etrúria, Via Valeria na Itália Central, via Postumia entre Genova e Aquileia e a Via Aemilia entre Rimini e Placencia. Nas províncias encontramos a Via Domitia na Gália e a Via Egnatia na Macedônia[9].
[1] READERS'S DIGEST. Da idade do ferro à idade das trevas: de 1200 a.c. a 1000 d.c, Rio de Janeiro, 2010, p.101
[2] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 198
[3] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 144
[4] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.270, 112
[5] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 237
[6] BLOCH, Marc. A sociedade feudal, Lisboa:Edições 70, 1982, p.82
[7] Time Life. Roma: ecos da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 152
[8] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.36; USHER, Abbott. Uma história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p.197; Ancient Roman Taxi Meters - Ancient Inventions , 2013 https://www.youtube.com/watch?v=mJr5KhGehpI
[9] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 107, 131

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