Segundo o padre Antonio Vieira no Sermão da primeira dominga da quaresma em São Luís, os escravos são “as mãos e os pés do senhor de engenho”.[1]No XIV Sermão do Rosário depois de descrever o sacrifício dos escravos na vida no engenho equiparando-o ao próprio inferno ainda assim Antonio Vieira comenta que “deveis dar infinitas graças a Deus, por vos haver dado conhecimento de si e por vos haver tirado de vossas terras, onde vossos pais e vós vivíeis como gentios, e vos ter trazido a esta, onde instruídos na fé vivais como cristãos e vos salveis”. Para o padre Antonio Vieira a vinda como escravos era a libertadora da vida como gentio.[2]Segundo Antonil: “os escravos constituem as mãos e os pés do usineiro; sem eles no Brasil, é impossível fundar, manter e ampliar uma plantação ou, sequer, operar uma usina [...] O Brasil é o inferno para os negros, purgatório para os brancos e o paraíso para os mulatos e mulatas”.[3]O padre Antonio Vieira em 1648 afirma “ Sem Angola, não há negros, e, sem negros, não há Pernambuco”.[4]Ainda no século XIX um fazendeiro de Vassouras descreve o escravo como “objeto inanimado, um instrumento, um apetrecho, uma máquina”.[5]
[1] JÚNIOR, Manuel Diegues. População e açúcar no Nordeste do Brasil, São Paulo:CNA, 1954, p.172
[2]ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 40
[3] STEIN, Stanley; STEIN, Barbara. A herança colonial da América Latina, Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1977, p.38; GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.313; SIMONSEN, Roberto. História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.111
[4] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.I, São Paulo: Globo, 2019. p.221
[5] STEIN, Stanley. Grandeza e decadência do café, São Paulo:Brasiliense, 1957, p. 161
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