terça-feira, 9 de junho de 2020

Cloaca Maxima

O sistema de esgotos em Roma conhecido como Cloaca Maxima foi construído inicialmente pelos tarquíneos/etruscos no século VI a.c.[1] dotando Roma de uma aperfeiçoada rede de esgotos que desaguava no Tibre[2], muito embora apenas as casas dos ricos estivessem conectadas a tal sistema.[3] Jerome Carcopino, contudo, observa que nem todas as latrinas privadas escoavam o esgoto pela canalização central: “a canalização de esgoto da casa romana não passa de um mito gerado pela complacente imaginação dos modernos”.[4] Herodiano, em História Romana V.8.9 relata que os romanos regularmente atiravam corpos na Cloaca Máxima ao invés de sepultá-los, como foi o caso do imperador Heliogábalo e de São Sebastião (256-286), uma cena pintada numa obra muito famosa de Lodovico Carracci. Luciana (Santa Luciana, cujo dia é comemorado a 30 de Junho) resgatou o corpo do mártir cristão, limpou-o, e sepultou-o nas catacumbas. A Lei das XII Tábuas proibia os enterros dentro das casas nas cidades.[5]
[1] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.26; BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.41
[2] TATON, René. A ciência antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 102; FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 85; MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 237
[3] CORNELL, Tim; MATTHEWS, John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 76
[4] CARCOPINO, Jerome. A vida quotidiana em Roma, Lisboa:Livros do Brasil, 1938, p.58
[5] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 290

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