quarta-feira, 3 de junho de 2020

Aquedutos romanos

A obra De Architectura de Vitrúvio, escrita por volta do ano 14 foi o guia de construção usada na Idade Média e Renascimento. Muitos detalhes da construção dos aquedutos romanos são fornecidos em De Aquis urbis Romae escrito por volta do ano 100 d.c por Sextus Julius Frontinus[1] que era o curator aquarum liderava uma equipe de 700 pedreiros e encanadores para prover a manutenção das instalações hidráulicas na cidade[2]. Em 97 d.c Frontinus escrevia: “Pode-se comparar as ociosas pirâmides ou aquelas outras obras inúteis que fazem a glória dos gregos, com estes aquedutos tão numerosos e indispensáveis ? “.[3] O aqueduto mais antigo de Roma, Aqua Appia, que levada as águas para a cidade de uma fonte captada a mais de 16 km[4], foi construído em 312 a.c. por Appius Claudius assim como a estrada Via Appia.[5] Em 272 a.c. cerca de quarenta anos após a construção da Aqua Appia, Manius Dentatus ordenou a construção de um novo aqueduto de maior volume o Anio vetus que trazia água do rio Anio, afluente do Tibre[6]. O aqueduto Marcius Rex se estendia por 80 quilômetros[7]. Os arcos usados em pontes e aquedutos foram uma inovação introduzida no tempo de Emílio Lípio em 184 a.c. graças a introdução do opus cementicium, uma mistura de argamassa e pedras[8]. Os reservatórios de distribuição eram conhecidos como castella devido a sua forma em torre. Os guardas dos castellas eram os castellarii. [9] O Aqua Appia foi o primeiro aqueduto destinado a abastecer de água potável do monte os bairros urbanos em que habitavam pequenos industriais, lojistas e artesãos[10]. Jerome Carcopino, contudo, aponta que em Roma somente em 109 com o aqueduto de Trajano é que a água de fonte chegou aos bairros da margem direita do Tibre e mesmo os da margem esquerda dependiam de autorização do Príncipe para ter acesso a água, ou seja, não se tratava de um recurso acessível a todos[11]. Usher mostra que medições modernas indicam erros substanciais nos nivelamentos dos aquedutos. Em seis aquedutos foi observado uma queda real por quilômetro menor que a proporção de 1 para 200. O aqueduto de Sens mostra a menor queda de 0.5 metros por quilômetro ou 1 para 2000. Em geral os aquedutos eram construídos com uma inclinação maior do que a necessária para compensar possíveis erros. Para as construções de pontes os romanos usavam gruas conhecidas como polyspastos. Alessandro Pierattini mostra que os gregos já usavam um complexo sistemas de polias e roldanas para o levantamento em pedras no século VI a.c. na construção de templos em Ishtmia e Corinto: “ao examinar os blocos, encontrei evidências de que, depois de levantados, os blocos foram manobrados no lugar com um método que antecipava a sofisticada técnica de alavanca do período clássico”.
[1] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.405; SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.27
[2] CLARK, Peter. A evolução das cidades, História em Revista, Rio de Janeiro:Time Life, 1993, p.50
[3] Time Life. Roma: ecos da glória imperial, Rio de Janeiro:Abril, 1998, p. 154; CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 172
[4] AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine, Roma e seu império, História Geral das Civilizações, São Paulo:1974, p. 212; SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 131
[5] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.670; BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.151; CORNELL, Tim; MATTHEWS, John. Roma: legado de um império, v. I, Lisboa:Edições del Prado, 1996, p. 88; REIS, José de Souza. Arcuatum Opus, Revista do IPHAN n.12, 1955, p.19
[6] SARTON, George. Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires, 1959, p. 131
[7] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.107
[8] LIBERATI, Anna Mari. A Roma Antiga, Folio: Barcelona, 2005, p. 108
[9] REIS, José de Souza. Arcuatum Opus, Revista do IPHAN n.12, 1955, p.33
[10] BLOCH, Leon. Lutas sociais na Roma Antiga, Lisboa:Pub. Europa America, 1956, p.102; CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 210
[11] CARCOPINO, Jerome. A vida quotidiana em Roma, Lisboa:Livros do Brasil, 1938, p.56

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