domingo, 7 de junho de 2020

A técnica do vidro em Roma

Aristóteles faz referência ao vidro nas Nuvens v.766 e nos Acarnanes v.73. Galiano ensina um modo de fabricação.[1] No tempo de Septímio Severo, o vidro talhado é bastante procurado em Roma de tal forma que o Digesto (IX,2,27) menciona a presença de numerosos falsificadores aos quais Ulpiano intenta diversas ações judiciais contra eles[2]. O copo de Licurgus do século IV fabricado provavelmente na Itália ou Egito e guardado no Museu Britânico é fabricado em vidro que muda de cor conforme a iluminação utilizada e mostra o domínio de uma técnica bastante sofisticada pelos romanos e que ficou perdida por séculos. As imagens de pequenas esculturas de vidro retratadas no cálice representam as cenas da morte do rei Lycurgus de Trácia. Embora pareça ser verde opaco, quando uma luz é colocada por trás dele, torna-se um vermelho translúcido. O efeito é conseguido pela incrustação de minúsculas partículas de ouro e prata no vidro com diâmetro de 50 nanômetros, ou seja, equivalente a uma milésima parte de um grão de sal.[3] Brian Fagan mostra que o vidro plano usado em janelas foi uma invenção romana que data do século I d.c. Em 1772 foi encontrado em Pompeia um caixilho de vidraça cujos vidros quadrados tinham comprimento de um palmo. Em Herculano foram encontrados vidros inteiros que se encontram no Museu de Nápoles[4]. Uma das técnicas usadas era soprar um cilindro de vidro para depois ser cortar por uma tesoura apropriada no sentido longitudinal e desenrolado para se obter uma folha. [5] O processo de soprar o vidro teve de esperar o desenvolvimento da metalurgia do ferro e foi desenvolvido na Síria, porém, difundido entre os romanos.[6] Em Cumas, Literno e Aquileia haviam operários especializados na produção de vidros artísticos.[7]
[1] CANTU, Cesare. História Universal, v. II, São Paulo:Editora das Américas, 1958, p.11
[2] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.278
[4] CANTU, Cesare. História Universal, v. II, São Paulo:Editora das Américas, 1958, p.12
[5] FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 52
[6] HODGES, Henry. Technology in the ancient world, New York: Barnes & Noble Books, 1970, p. 208
[7] GIORDANI, Mario Curtis. História de Roma, Rio de Janeiro:Vozes, 1981, p. 278

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