terça-feira, 2 de junho de 2020

A luneta de Newton



Galileu apresentou sua luneta para o Senado de Veneza no topo do Campanário em 21 de agosto de 1609 presenteando um modelo para o duque de Veneza que o recompensou com um emprego como professor na Universidade de Pádua. [1]O nome telescópio foi anunciado por Federico Cesi numa reunião de 1611 da Accdemia dei Lincei da qual Galileu era membro. [2]Galileu distribuiu modelos de seu telescópio por refração para príncipes ao mesmo tempo que recusou distribuí-lo a potenciais competidores como Kepler e Clavius. Galileu enfatizou a aplicação militar do instrumento na defesa da cidade contra os turcos otomanos: “permitindo-nos descobrir no mar, a uma distância muito maior que a usual, cascos e velas dos inimigos, enxergando-os duas horas antes que eles nos vejam[3]. Embora o Sidereus Nuncius publicado em 1610 lhe garanta o crédito de suas descobertas sua preocupação era a de garantir para si todas as possíveis descobertas futuras com o seu telescópio. [4]O filósofo Giambattista della Porta também reivindicou a autoria da invenção ao qual Galileu teria aperfeiçoado.[5]
Johannes Hevelius ao perceber que quanto maior o comprimento do telescópio de refração, maiores os detalhes poderiam ser vistos, construiu em 1647 um telescópio de quatro metros, no entanto, tais instrumento sofriam de aberração cromática. Essa busca pelo aperfeiçoamento de telescópios mais compridos foi desencorajada por Isaac Newton que desenvolveu os primeiros telescópios por reflexão em 1668, usando espelhos côncavos ao invés de lentes permitindo um equipamento mais curto conseguindo um aumento de quarenta vezes em um telescópio de apenas trinta centímetros sem aberração cromática, uma ampliação maior do que se teria conseguido com um telescópio refrator de 1,80m.[6]Newton em carta escrita em fevereiro de 1669 manifestou preocupação pela prioridade de seu invento, cujo reconhecimento foi feito por Henry Oldembrug. Newton agradece tal reconhecimento e observa que tal garantia é que possibilitou que a invenção fosse divulgada, caso contrário “poderia tê-lo deixado continuar em privado como já esteve há vários anos”. [7]
[1] BRONOWSKI, J. A escalada do homen, São Paulo:Martins Fontes, 1979, p.200; THOMAS, Henry; THOMAS, Dana Lee. Living biographies of great scientists, New York:Blue Ribbbon Books, 1946, p.44
[2] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.298
[3] MOSLEY, Michael.Uma história da ciência. Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 37
[4] BIAGIOLI, Mario. Replication or monopoly ? the economies of invention and Discovery in Galileo’s observations of 1610. Scence in Context, v.13, n.3-4, 2000, p.547-590
[5] BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.138
[6] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 203; BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.374
[7] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.375

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