domingo, 10 de julho de 2022

A cidadania no cristianismo primitivo

 

Os cristãos aderiram com entusiasmo ao estatuto dos colégios romanos em grandes cidades como Roma, Alexandria e Antioquia. O bispo de Cartago, Cipriano no século III se refere a dois objetivos fundamentais de tais colégios: a sepultura e o banquete. As sepulturas de cemitérios cristãos mostram a importância da nova religião entre os escravos membros de tais confrarias. Uma carta do bispo Dionísio de Roma datada de 251 relata que esta igreja sustenta mais de 1500 viúvas e indigentes. Nas comunidade cristãs uma mostra desta nova lógica comunitária era a maior participação das mulheres e membros das classes mais baixas. Um destes escravos libertos, Calixto era administrador de um cemitério em Roma, tendo chegado ao posto de bispo no século III. Rostovtzeff chega a falar numa “nova burguesia” quando se refere a ascenção de tais ex escravos, no entanto, a tese foi abandonada, pois a sociedade romana continuou como uma sociedade de castas fundada no trabalho escravo, do qual o cristianismo primitivo não fez oposição. Para Eduardo Hoornaert esse trabalho de assistência social foi fundamental para disseminação do cristianismo: “é um engano pensar que o invejável status de respeito na sociedade romana que os historiadores atribuem ao cristianismo no século II se deva a um movimento organizada de evangelização, liderado por bispos, sacerdotes ou diáconos. Essa é uma fala imagem das origens cristãs. O cristianismo não venceu pela pregação de seus apóstolos ou bispos, nem pelo testemunho destemido de mártires, pela santidade de seus heróis, pelas virtudes nem pelos milagres de seus santos. Vence, isso sim, por uma atuação persistente e corajosa na base de edifício social e político da sociedade. Constitui numa utopia que funcionou no sei do submundo romano”[1]

[1] HOORNAERT, Eduardo. As comunidades cristãs dos primeiros séculos. In: PINSKY, Jaime. História da cidadania, São Paulo: Contexto, 2021, p. 87



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