segunda-feira, 27 de junho de 2022

A reforma religiosa de Aquenáton

 

Amenhotep IV (1352-1338 a.c.) no sexto ano de seu reinado passou a usar o nome Akhenaton[1] quando redefiniu os dogmas da religião ao promover o culto do deus único Aton, deus do sol e mudou a capital para Tell El Amarna[2], desafiando a supremacia de Amon, divindade de Tebas.[3] O local em Amarna nunca havia sido local de culto, localizada no centro geográfico do Egito, local de encontro entre a terra dos vivos e a terra dos mortos, visando a expansão posterior do culto. Em Tebas, Akhenaton construiu um templo de Aton, assim como na Síria e na Núbia.[4] Akhenaton governou no Reino Novo (1550-1070 a.c.), período de maior expansão territorial do Egito Antigo chegando ao Oriente Próximo (Síria e Canaã) e ao sul na Núbia. Seu pai Amenhotep III já iniciara um processo de solarização da religião. Para alguns pesquisadores o governo de Akhenaton pode ser melhor descrito não como monoteísmo (existência de um único deus) mas uma monolatria (culto a um único deus, ao menos na capital Amarna, mas que admite a existência de outros deuses). Dentro de uma perspectiva de monolatria o próprio Akhenaton e sua esposa Nefertite junto com Aton formam uma tríade de deuses, com um pai e dois filhos, ao invés da tríada tebana onde havia um pai (Amun), uma mãe (Mut) e um filho (Khonsu). Em 1975 Geoffrey Martin descobriu uma tumba de um general e regente do reino de Horemheb que se tornaria faraó, onde se pode perceber temas decorativos de tradições funerárias anteriores a Akhenaton, o que sugere que a revolução de Akhenaton tem um caráter muito menos sistemático do que se imaginava. Em 1996 em Bubasteion foram encontradas tumbas entre as quais a tumba da dama Maia, ama de leite de Tuthankamon que revela a presença das instituições menfitas reais durante o reinado de Akhenaton.[5] Uma carta de um egípcio de Menphis se refere ao culto de Ptah. Em Amarna foram encontrados referências as deusas Hathor e Maat, porém, de qualquer forma o culto ao deus Osíris perde importância. A mumificação não deixa de existir assim como são encontradas estatuetas ushabit em Amarna, resquícios do culto a Osíris.[6]  Após a morte de Akhenaton, com o fim do período monoteísmo e retorno ao politeísmo, ele não aparece nas listas de faraós do papiro de Turim, na lista de Set I no templo de Abidos e na lista de Ramsés II de Abidos, mostrando que seu nome foi apagado da história. Sua múmia nunca foi encontrada.



[1] Desplancques, Sophie. Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021,  p.904/1492

[2] EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 26; SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 100

[3] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 216

[4] COELHO, Liliane Cristina. #AMORC GLP - Presença & Harmonia – O Faraó Akhenaton e a Reforma Religiosa – 09/03/2016 https://www.youtube.com/watch?v=OT1k6bBFn5o

[5] ZIVIE, Alain. As reveladoras tumbas de Bubasteion. Revista História Viva, n.1, setembro 2004, p.45

[6] COELHO, Liliane Cristina. #AMORC GLP - Presença & Harmonia – O Faraó Akhenaton e a Reforma Religiosa – 09/03/2016 https://www.youtube.com/watch?v=OT1k6bBFn5o



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...