Amenhotep IV
(1352-1338 a.c.) no sexto ano de seu reinado passou a usar o nome Akhenaton[1] quando
redefiniu os dogmas da religião ao promover o culto do deus único Aton, deus do
sol e mudou a capital para Tell El Amarna[2], desafiando
a supremacia de Amon, divindade de Tebas.[3] O local
em Amarna nunca havia sido local de culto, localizada no centro geográfico do
Egito, local de encontro entre a terra dos vivos e a terra dos mortos, visando
a expansão posterior do culto. Em Tebas, Akhenaton construiu um templo de Aton,
assim como na Síria e na Núbia.[4] Akhenaton
governou no Reino Novo (1550-1070 a.c.), período de maior expansão territorial
do Egito Antigo chegando ao Oriente Próximo (Síria e Canaã) e ao sul na Núbia.
Seu pai Amenhotep III já iniciara um processo de solarização da religião. Para
alguns pesquisadores o governo de Akhenaton pode ser melhor descrito não como
monoteísmo (existência de um único deus) mas uma monolatria (culto a um único
deus, ao menos na capital Amarna, mas que admite a existência de outros deuses).
Dentro de uma perspectiva de monolatria o próprio Akhenaton e sua esposa
Nefertite junto com Aton formam uma tríade de deuses, com um pai e dois filhos,
ao invés da tríada tebana onde havia um pai (Amun), uma mãe (Mut) e um filho
(Khonsu). Em 1975 Geoffrey Martin descobriu uma tumba de um general e regente
do reino de Horemheb que se tornaria faraó, onde se pode perceber temas
decorativos de tradições funerárias anteriores a Akhenaton, o que sugere que a
revolução de Akhenaton tem um caráter muito menos sistemático do que se
imaginava. Em 1996 em Bubasteion foram encontradas tumbas entre as quais a
tumba da dama Maia, ama de leite de Tuthankamon que revela a presença das
instituições menfitas reais durante o reinado de Akhenaton.[5] Uma
carta de um egípcio de Menphis se refere ao culto de Ptah. Em Amarna foram
encontrados referências as deusas Hathor e Maat, porém, de qualquer forma o
culto ao deus Osíris perde importância. A mumificação não deixa de existir
assim como são encontradas estatuetas ushabit em Amarna, resquícios do
culto a Osíris.[6] Após a morte de Akhenaton, com o fim do
período monoteísmo e retorno ao politeísmo, ele não aparece nas listas de faraós
do papiro de Turim, na lista de Set I no templo de Abidos e na lista de Ramsés
II de Abidos, mostrando que seu nome foi apagado da história. Sua múmia nunca foi
encontrada.
[1] Desplancques, Sophie.
Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021, p.904/1492
[2] EYDOUX, Henri Paul. Á
procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 26; SHAFER,
Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 100
[3] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New
York:Quest, 2012, p. 216
[4] COELHO, Liliane Cristina. #AMORC GLP - Presença & Harmonia – O Faraó
Akhenaton e a Reforma Religiosa – 09/03/2016 https://www.youtube.com/watch?v=OT1k6bBFn5o
[5] ZIVIE, Alain. As reveladoras tumbas de Bubasteion. Revista História Viva, n.1,
setembro 2004, p.45
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