domingo, 22 de maio de 2022

Os primeiros habitantes em terras brasileiras

 

Em Pedra Furada no Parque da Serra da Capivara são encontradas as pinturas de arte rupestre datadas de 12 mil a.c.[1], as mais antigas que se tem registro no Brasil. Para Angyone Costa: “as inscrições rupestres no Brasil são iguais as inscrições rupestres de toda parte: meros desenhos. Figura singelas, sinal de comunicação de um índio para o outro. Não é possível dar-lhes outra interpretação, porque elas não acusam nenhuma das formas de escrita. São apenas desenhos de uma inspiração e execução semelhante ao das crianças”.[2] Bernardo Ramos, ao contrário, considera a arte rupestre encontrada na Amazônia como uma forma de escrita[3]. Segundo Niéde Guidon foram encontradas fogueiras de 50 mil anos, o que mostra a presença humana de ancestrais vindos da África. Segundo Niède Guidon o fato de tais disposições de pedras características do uso em fogueiras não poderia ter sido casual.[4] Um artigo publicado na revista Nature de 1986 Niéde Guidon indentificou ossada humana de 32 mil anos ap[5]. Bia Hetzel apresenta como possibilidades vestígios de fogueiras encontradas em Pedra Furada de 40 mil a 12 mil anos atrás.[6] Após o período de glaciação, o nível do mar teria variado o que facilitaria a formação de diversas ilhas entre a África e o litoral nordestino do Brasil, possibilitando assim a travessia do Atlântico. No entanto as teses de NIéde Guidon não são plenamente aceitas, pela falta de artefatos os restos humanos com idade equivalente.[7] David Meltzer, James Adovasio e Tom Dillehay, acreditam que os pedaços de quartzo encontrados em grande número do local constituiriam de geosfatos de ocorrência natural. O carvão seria resultado de incêndios naturais. Para Guidon contudo a área era floresta natural e menos sujeitas a incêndios naturais, além de ser pouco provável a construção de artefatos de pedras caindo sobre as outras de forma natural.[8] Em 2021 pesquisa realizada por Eric Boeda, Marcos Ramos e Niéde Guidon apresentaram um artefato de pedra incomum no sítio Vale da Pedra Furada, em um contexto que remonta a 24 mil anos ap. Os estigmas de lascamento e os traços macroscópicos de uso-desgaste revelam uma concepção centrada na configuração de biséis duplos e na produção no mesmo espécime de pelo menos dois artefatos sucessivos com funções provavelmente diferentes. Esta peça apresenta inequivocamente um caráter antrópico e revela uma novidade técnica durante a ocupação pleistocênica da América do Sul. Este artefato confirma a existência de ocupações humanas em 24 mil anos ap na América do Sul. Essas populações possuem uma variedade de objetos, que refletem uma cultura material rica e diversificada, como qualquer outra sociedade humana.[9]

[1] HETZEL, Bia; MEGREIROS, Silvia. Prehistory of Brazil. Rio de Janeiro:Manati, 2007, p. 25, 165

[2] COSTA, Angyone. Introdução à arqueologia brasileira: etnografia e história, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1938, p.135

[3] PEREIRA, Edithe. Arte rupestre na Amazônia: Pará. São Paulo:Unesp.

[4] https://www.youtube.com/watch?v=VLXlQGibMOU&t=301s

[5] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.23

[6] HETZEL, Bia; MEGREIROS, Silvia. Prehistory of Brazil. Rio de Janeiro:Manati, 2007, p. 56

[7] FUNARI, Pedro; NOELLI, Francisco. Pré história do Brasil, São Paulo:Contexto, 2016, p. 41; LOPES, Reinaldo. 1499 o Brasil antes de Cabral,Rio de Janeiro:Harper Collins, 2017, p. 14, 59

[8] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 329

[9] GUIDON, Niéde. 24.0 kyr cal BP stone artefact from Vale da Pedra Furada, Piauí, Brazil: Techno-functional analysis. PLOS, 10/03/2021 https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0247965



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