domingo, 10 de abril de 2022

O sistema numeral de base sessenta na Mesopotâmia

 

Os escribas mesopotâmicos usavam um sistema de numeração de base sessenta (sexagesimal). A tábua Plimpton 322 sugere segundo Neugebauer o uso do sistema sexagesimal pelos babilônios.[1] Desta forma nossa divisão das horas em 60 minutos e dos minutos em 60 segundos tem origem na Babilônia.[2] Os babilônios sabiam como traçar um ângulo de 60 graus inscrevendo um polígono de seis lados e ângulos iguais (hexágono regular) dentro de um círculo.[3] Daniel Boorstin sugere que os caldeus teriam dividido o círculo em 360 partes por analogia ao ciclo solar de 360 dias.[4] Carl Boyer observa que enquanto outras civilizações usavam o sistema decimal os babilônios usavam o sistema de base sessenta possivelmente pela facilidade em dividir em metades, terços, quartos, quintos, sextos, décimos, doze avos, quinze avos, vigésimos e trigésimos[5]. Por volta do ano 500 a.c. o astrônomo babilônio Nabu-ri-mannu computou a duração do ano solar em 365 dias, 6 horas, 15 minutos e 41 segundos com um erro de apenas 26 minutos e 55 segundos a mais o que mostra uma boa aproximação do ano solar.[6] Uma tábua de iluminações lunares (fases da lua) encontrada na biblioteca de Assurbanipal por volta de 650 a.c. é o resultado de medições criteriosas[7]. O calendário babilônio inicialmente foi lunar, sendo este o astro de maior atenção de seus astrônomos. Doze meses lunares médios representam 354 dias, ou seja, 11 dias e um quarto a menos que o ano solar.

[1] EVES, Howard. Introdução à história da matemática, São Paulo:Unicamp, 2004, p.63

[2] BERLINGHOFF, William; GOUVEA, Fernando. A matemática através dos tempos, São Paulo: Blucher, 2010, p. 12

[3] HOGBEN, Lancelot. Maravilhas da matemática, Porto Alegre, Ed. Globo, 1970, p. 62

[4] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1989, p. 52

[5] BOYER, Carl. História da matemática, São Paulo: Edgard Blucher, 1996, p. 17

[6] SEDGWICK, W.; TYLER, H; BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.20

[7] TATON, René. A ciência antiga e medieval: as ciências antigas do Oriente, tomo I, livro 1, São Paulo:Difusão Europeia, 1959, p.129



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...