quarta-feira, 30 de março de 2022

Roma e a condenação aos magos

 

Os magos eram originários, provavelmente de uma comunidade sacerdotal da região da Medeia e teriam entrado em contato com o mundo grego por volta de 540 a.c. com a conquista de Ciro das cidades gregas da Ásia Menor. As tragédias de Édipo tirano de Sófocles e Orestes de Eurípedes mencionam magos no século V a.c. O historiador Xantos da Lídia (499 – 440 a.c) mencionado por Clemente de Alexandria em Stromata, se refere aos magos.[1] Segundo Raymond Bloch “no princípio e no decurso da história de Roma, numerosos são os vestígios de magia e de misticismo elementar; não havia nenhum nascimento que não fosse protegido por uma divindade, nenhum crescimento que não tivesse os seus numina”, e assim também as atividades agrícolas como o arroteamento do solo, passagem do arado, semeadura, germinação do grão, colheita, tudo era regido pela crença nos numina, ou seja, pelos “poderes divinos” que no princípio era simbolizado pelo culto dos lares.[2] Derek Colins mostra que em Roma o conceito de magia havia se confundido com maleficum – crime, calúnias ou envenenamentos, de modo que não se observa na legislação romana mais antiga como as Doze Tábuas qualquer condenação direta a feitiços mágicos.[3] Uma lei específica para reger a questão da magia será publicada apenas em 81 a.C., com Sila a chamada Lex Cornelia de Sicarii et Veneficis. A lei Cornelia previa a condenação de  assassinos e envenenadores – sicariis et veneficiis e assim mutos praticantes de magia foram condenados. Não estavam claras as fronteiras entre as honras e rituais devidas aos deuses (religio) e aquilo que poderia ser considerado como excessivo a que os romanos chamavam de superstitio (significado diferente do atual superstição) e que Cicero distingue da religio.[4] Com a promulgação das leis Ad populum de Constâncio II (317-361), todos os praticantes das artes magicaes, foram reduzidos à condição de maleficus e de inimici generis humani com a aproximação entre o crime de maleficium (magia) e de maiestas (lesa-majestade) .



[1] CHEVITARESE, André; CORNELLI, Gabrielli; SELVATICI, Monica. Uma outra história de Jesus de Nazaré. São Paulo: Anablume, 2006, p.68

[2] BLOCH, Raymond; COUSIN, Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.179

[3] COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 209

[4] COLLINS, Derek. Magia no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 215




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