Os magos eram
originários, provavelmente de uma comunidade sacerdotal da região da Medeia e
teriam entrado em contato com o mundo grego por volta de 540 a.c. com a
conquista de Ciro das cidades gregas da Ásia Menor. As tragédias de Édipo
tirano de Sófocles e Orestes de Eurípedes mencionam magos no século V a.c. O
historiador Xantos da Lídia (499 – 440 a.c) mencionado por Clemente de Alexandria
em Stromata, se refere aos magos.[1] Segundo
Raymond Bloch “no princípio e no decurso
da história de Roma, numerosos são os vestígios de magia e de misticismo
elementar; não havia nenhum nascimento que não fosse protegido por uma
divindade, nenhum crescimento que não tivesse os seus numina”, e assim
também as atividades agrícolas como o arroteamento do solo, passagem do arado,
semeadura, germinação do grão, colheita, tudo era regido pela crença nos numina, ou seja, pelos “poderes divinos” que no princípio era
simbolizado pelo culto dos lares.[2] Derek
Colins mostra que em Roma o conceito de magia havia se confundido com maleficum
– crime, calúnias ou envenenamentos, de modo que não se observa na legislação
romana mais antiga como as Doze Tábuas qualquer condenação direta a feitiços mágicos.[3] Uma lei
específica para reger a questão da magia será publicada apenas em 81 a.C., com
Sila a chamada Lex Cornelia de Sicarii et Veneficis. A lei Cornelia previa a
condenação de assassinos e envenenadores –
sicariis et veneficiis e assim mutos praticantes de magia foram
condenados. Não estavam claras as fronteiras entre as honras e rituais devidas
aos deuses (religio) e aquilo que poderia ser considerado como excessivo
a que os romanos chamavam de superstitio (significado diferente do atual
superstição) e que Cicero distingue da religio.[4] Com a promulgação
das leis Ad populum de Constâncio II (317-361), todos os praticantes das
artes magicaes, foram reduzidos à condição de maleficus e de inimici generis
humani com a aproximação entre o crime de maleficium (magia) e de maiestas
(lesa-majestade) .
[1] CHEVITARESE, André; CORNELLI, Gabrielli; SELVATICI, Monica. Uma outra história
de Jesus de Nazaré. São Paulo: Anablume, 2006, p.68
[2] BLOCH, Raymond; COUSIN,
Jean. Roma e o seu destino. Rio de Janeiro:Cosmos, 1964, p.179
[3] COLLINS, Derek. Magia
no mundo grego antigo, São Paulo: Madras, 2009, p. 209
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