domingo, 20 de março de 2022

O zero entre os maias

 

O sistema de numeração maia para representação de datas descrito na estela de Quiriguá mostra a representação de hieróglifos correspondentes às unidades de tempo kin representando o dia, uinal representando 20 dias, tun para 360 dias, katun para 7200 dias (aproximadamente 20 anos)[1], baktun para 144 mil dias (aproximadamente 400 anos)[2] e pictun para 2,88 milhões de dias. O ano maia era constituído por 18 meses de 20 dias cada um totalizando 360 dias mais 5 dias extras o qual designava-se por haab. 18 uinal formavam 1 tun, ou seja, um ano de 360 dias.[3] Para representar 1418400 dias basta representar 9 baktuns e 17 katuns. Nesta representação não se faz necessário representar o zero, no entanto a estela mostra o hieróglifo zero para o tun, outro para o algarismo uinal e um último hieróglifo zero para kin. A estela mostra que a introdução do zero cumpre uma função religiosa ao invés de matemática. Cada algarismo era concebido como um fardo carregado às costas por um deus guardião do tempo, de modo que se os ícones de tun, uinal e kin não fossem representados na estela isso poderia ser interpretado como um desrespeito podendo enfurecer os respectivos deuses.[4] No sistema aritmético dos maias eram usados apenas três símbolos, o ponto, o traço e uma concha para o zero.[5]

[1] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.59; Mournier indica um katun para 8000 kins. MOUSNIER, Roland. Os séculos XVI e XVII. Tomo IV, 2° volume, História Geral das Civilizações, São Paulo:Difusão, 1957, p. 27

[2] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.123; JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 103

[3] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 188

[4] IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 258

[5] STIERLIN, Henri. O suntuoso reino dos maias. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.271; LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 49; HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University Press, 1982, p.124



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