Os
jesuítas na busca de uma catequização mais efetiva compuseram gramáticas da
língua tupinambá com José de Anchieta em 1595 e o padre Luís Figueira em 1621,
além de um catecismo na língua tupinambá em 1618, o “Catecismo na língua
brasílica”.[1] Hans
Staden e Jean Léry se referem a esta “língua dos selvagens” que a partir do
século XVII será denominada “língua brasílica”.
O padre Vieira (1660) se opunha à dita língua geral, uma língua do
tronco tupi conhecida como língua nheengatu dos caboclos, caipiras e curibocas,
os nheengambas. No sermão do Espírito Santo, Antonio Vieira é enfático: “Pois
se a Santo Agostinho, sendo Santo Agostinho, se à Águia dos entendimentos
humanos se lhe fez tão dificultoso aprender a língua Grega, que está tão
vulgarizada entre os Latinos, e tão facilitada com Mestres, com Livros, com
Artes, com Vocabulários, e com todos os outros instrumentos de aprender; que
serão as línguas bárbaras e barbaríssimas de umas gentes onde nunca houve quem
soubesse ler, nem escrever? Que será aprender o Nheengaíba, o Juruuna, o
Tapajó, o Teremembé, o Mamaiana, que só os nomes parece que fazem horror?”.
No século XVIII a língua geral passa a se referir á língua da população mestiça
ao passo que a língua tupinambá se refere à língua dos índios do Pará. A
designação da língua como tupi ocorre apenas no século XIX quando os tupinambás
estão praticamente dizimados [2].
[1] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São
Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.247
https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/7696
[2] FILHO, Ivan Alves.
História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.204
[3] SILVA, Luis Felipe. Práticas letradas de representação do outro: Antônio Vieira e o “índio antes do indianismo”. Alea: Estudos Neolatinos, vol. 22, núm. 1, pp. 195-210, 2020, https://www.redalyc.org/journal/330/33064173013/html/
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