domingo, 20 de março de 2022

A destruição da cultura indígena e de sua língua

 

Os jesuítas na busca de uma catequização mais efetiva compuseram gramáticas da língua tupinambá com José de Anchieta em 1595 e o padre Luís Figueira em 1621, além de um catecismo na língua tupinambá em 1618, o “Catecismo na língua brasílica”.[1] Hans Staden e Jean Léry se referem a esta “língua dos selvagens” que a partir do século XVII será denominada “língua brasílica”.  O padre Vieira (1660) se opunha à dita língua geral, uma língua do tronco tupi conhecida como língua nheengatu dos caboclos, caipiras e curibocas, os nheengambas. No sermão do Espírito Santo, Antonio Vieira é enfático: “Pois se a Santo Agostinho, sendo Santo Agostinho, se à Águia dos entendimentos humanos se lhe fez tão dificultoso aprender a língua Grega, que está tão vulgarizada entre os Latinos, e tão facilitada com Mestres, com Livros, com Artes, com Vocabulários, e com todos os outros instrumentos de aprender; que serão as línguas bárbaras e barbaríssimas de umas gentes onde nunca houve quem soubesse ler, nem escrever? Que será aprender o Nheengaíba, o Juruuna, o Tapajó, o Teremembé, o Mamaiana, que só os nomes parece que fazem horror?”. No século XVIII a língua geral passa a se referir á língua da população mestiça ao passo que a língua tupinambá se refere à língua dos índios do Pará. A designação da língua como tupi ocorre apenas no século XIX quando os tupinambás estão praticamente dizimados [2].

[1] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.247 https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/7696

[2] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.204

[3] SILVA, Luis Felipe. Práticas letradas de representação do outro: Antônio Vieira e o “índio antes do indianismo”. Alea: Estudos Neolatinos, vol. 22, núm. 1, pp. 195-210, 2020, https://www.redalyc.org/journal/330/33064173013/html/


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