Para
Capistrano de Abreu falta a Varnhagen
uma periodização da história do Brasil e uma visão de conjunto à sua
obra, que se perde por vezes no detalhe de alguns episódios da história. Capistrano
de Abreu faz uma periodização da história do Brasil que leva em conta aspectos
econômicos e sociais, em que numa primeira fase elogia a rebelião dos
brasileiros durante os três primeiros séculos, com destaque para os movimentos
de interiorização com as bandeiras, com o gado e com as minas. O historiador Capistrano
de Abreu se refere a "Civilização do Couro"[1] para descrever a importância da pecuária no interior nordestino. Numa segunda fase mostra a decepção e frustração com a não
concretização de uma independência liderada por brasileiros que parecia madura
e numa terceira fase, demonstrando certa frustração, destaca a aceitação e
legitimação da "independência possível" liderada pelo Estado
português. Segundo José Carlos Reis, “Capistrano de Abreu enxerga a
possibilidade "de abrir um novo futuro, sustentado por um novo passado. O
Brasil nação não será oficial, o sujeito da história do Brasil não é o estado
Imperial, mas o povo brasileiro, em sua diversidade e unidade. No passado,
Capistrano põe ênfase na vida desse povo, por um lado, ativo na ocupação do
território, por outro, passivo e ineficaz na produção da verdadeira
independência”.[2] Para Capistrano de Abreu o “povo foi durante
três séculos capado e recapado, sangrado e ressangrado”, como escreveu em
carta ao amigo português Lúcio de Azevedo, de 16 de julho de 1920 (figura). [3] Sérgio
Buarque de Holanda em 1936 “ao recusar as nossas raízes ibéricas aprofundou
a reflexão de Capistrano de Abreu sobre a ruptura do futuro brasileiro com o
seu passado colonial ibérico"[4].
[1] BOXER, Charles. A idade
de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São
Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 246
[2] REIS, José Carlos. As
identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC, Rio de Janeiro: FGV., 2003, p.110
[3] http://bndigital.bn.gov.br/dossies/biblioteca-nacional-200-anos/os-personagens/capistrano-de-abreu/
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