quinta-feira, 24 de março de 2022

O Livros dos Mortos no Antigo Egito

 

O capítulo 162 do Livro dos Mortos (papiro de Ani no Museu Britânico, traduzido por Karl Lepsius em 1842) revela que “Isso é um grande livro secreto. Não o deixeis ver a qualquer pessoa, seria um ato detestável. Aquele que o conhece e guarda segredo, continua a ser. O nome deste livro é a soberana do templo escondido”.[1] O livro dos Mortos, uma adaptação de antigos textos funerários como os Textos dos Sarcófagos[2] reúne diferentes partes sendo as mais antigas escritas por volta de 3000 a.c.[3] no segundo período intermediário. O Livro dos Mortos é escrito em rolos de papiro de altura entre 30 a 40cm e o comprimento que varia de 1 metros até as versões completas eu podem chegar a 37 metros, como o Papiro Greenfield do Museu Britânico[4]. O Livro dos Mortos deveria ser colocado sobre a cabeça da múmia para que decorasse todas as suas preces, que lhe seriam úteis na caminhada no além. No Livro de Amduat o capítulo XXVI tinha como objetivo, após ser recitado, devolver o coração ao morto. Uma vez absolvido o morto pode ter o destino de ver no campo dos juncos ou na barca de Rá em companhia dos deuses.  O livro de Amduat conta a história de Ra, o deus do sol egípcio que viaja pelo submundo, desde o momento em que o sol se põe no oeste e nasce novamente no leste, a mesma jornada percorrida pelo faraó morto para se tornar um com Ra e viver para sempre[5]. Os textos dos chamados “encantamentos de água” usados para controlar as cheias do Nilo deve se manter em segredo: “Não os reveleis ao homem comum. È um mistério da casa da Vida”.[6] O deus Amon é descrito como “o mais misterioso dos misteriosos, aquele cujo mistério é desconhecido”.[7]  Sob o domínio persa a casa da vida do principal santuário de Sais foi restaurada em nome de Dario I: “Eu a fundei com todos os seus alunos, filhos de boa origem, e não de condição humilde: pus a sua frente sábios de toda a ordem para todos os trabalhos. Sua majestade mandou dar-lhes todas as espécies de coisas que convinham à execução de seus trabalhos"[8] um documento datado de 2300 a.c. mostra o lamento do sacerdote por ter seus segredos roubados: ‘os escritos do augusto recinto do templo foram lidos [ ...] o lugar dos segredos está agora desnudado [...] a magia está revelada”.[9]



[1] JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.49

[2] João, Maria Thereza David. Dos textos das pirâmides aos textos dos sarcófagos: a “democratização” da imortalidade como um processo sócio-político. Dissertação. Rio de Janeiro – 2008. Curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense http://www.historia.uff.br/stricto/teses/Dissert-2008_JOAO_Maria_Thereza_David-S.pdf>

[3] GRIMBERG, Carl. História Universal: a aurora da civilização, v.1, Chile:Publicações Europa, 1989, p. 31

[4] https://hav120151.wordpress.com/2015/10/07/analise-iconografica-do-egito-antigo-e-novo-final/

[5] HUTFLESZ, Amanda Martins. Mini Curso: O Egito no Tempo dos Faraós, Aula 2

[6] JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.88

[7] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 267

[8] CROUZET, Maurice. História Geral das Civilizações: O Oriente e a Grécia Antiga: as civilizações imperiais, v. I, Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1998, p. 177

[9] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 115



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