Um corpo
colocado no vácuo não saberia para onde ir pois no vácuo não haveria lugares
naturais, de onde se conclui, na perspectiva aristotélica, que a natureza tem
horror ao vácuo.[1] Para Aristóteles a velocidade de um corpo em queda livre depende da densidade
do meio em que está inserido, assim o corpo cai com maior velocidade se imerso
no ar do que na água, onde a densidade é maior, logo, se o fosse possível uma
queda livre no vácuo este corpo adquiriria velocidade infinita, o que não
faria sentido (neste caso, um corpo poderia estar ao mesmo tempo em dois
lugares!), o que nos leva forçosamente a concluir pela impossibilidade de vácuo
absoluto.[2] Para
Aristóteles a velocidade de queda de um corpo é proporcional à resistência que
ele encontra (a velocidade é inversamente proporcional `densidade do meio em
que está inserido), de modo que no vácuo, onda não há qualquer resistência esta
velocidade tenderia ao infinito.[3] Nos
tratados medievais aristotélicos do século XIII se tornariam comuns as fórmulas
latinas natura abhorret vacum, horror vacui.[4] Segundo Platão
no Timeu: ”Pois que o ceu teve compreendidos entre si todos os gêneros
(elementos), sendo ele circular e naturalmente desejoso de recolher-se em si
mesmo, estreitou-os e não deixou entre eles nenhum espaço vazio”[5].
[1] KOYRE, Alexandre.
Estudos de história do pensamento científico. Brasília:Forense,1982,
p.161
[2] LINDBERG, David C. The
Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007, p.54
[3] LINDBERG,
David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição
do Kindle. 2007, p.309
[4] ROSSI, Paolo. O
nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 352
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